Vida Celular

Tudo sobre os melhores celulares

Nós do Vida Celular e nossos parceiros utilizamos cookies, localStorage e outras tecnologias semelhantes para personalizar conteúdo, anúncios, recursos de mídia social, análise de tráfego e melhorar sua experiência neste site, de acordo com nossos Termos de Uso e Privacidade. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.

A emissão de dióxido de carbono equivalente (CO2 equivalente ou CO2e) que geramos por meio dos nossos comportamentos, hábitos e bens de consumo, assim como nossos celulares e o uso que fazemos deles, é conhecida como nossa pegada de carbono. Essa metodologia, que considera desde processos simples, como a preparação de alimentos em casa, a desenvolvimentos tecnológicos dos mais complexos, mensura a queima de carbono conforme a emissão de gases diversos na atmosfera do planeta, abrangendo pessoas, empresas, governos, produtos, ações, eventos, etc.

publicidade

Cada dispositivo eletrônico, por sua vez, contribui para sua pegada de carbono, sendo possível saber aproximadamente o quanto significa essa contribuição. De igual forma, também é possível ter uma boa perspectiva a respeito de como podemos reduzir os impactos negativos registrados por meio da pegada de carbono dos nossos aparelhos.

O custo ao ambiente
pessoa usando celular

Imagem: wurliburli/Pixabay/CC

Segundo estimativas de especialistas em pegada de carbono, o custo dos celulares ao meio ambiente é impactante. Para Mike Berners-Lee (sim, irmão de Tim Berners-Lee), autor do livro How Bad Are Bananas? The Carbon Footprint of Everything (“Quão Ruins São as Bananas? A Pegada de Carbono de Tudo”, sem tradução), havia 7,7 bilhões de telefones celulares em uso no planeta em 2020. Com isso, o pesquisador estimou uma pegada de carbono de aproximadamente 580 milhões de toneladas de CO2e sendo emitidas somente por esses dispositivos. Isso equivale a aproximadamente 1% de todas as emissões globais, com o número tendendo a aumentar, à medida que mais pessoas adquirem smartphones.

Levando em consideração o processo de fabricação, as redes e centros de dados aos quais os smartphones se conectam, além da eletricidade que usam, Mike Berners-Lee faz um cálculo. O uso do celular por uma hora por dia equivale a 63 kg de CO2e sendo emitidos por ano. O uso do telefone celular por 195 minutos por dia (em média), pode ser compreendido em 69 kg CO2e por ano na atmosfera. Por fim, um uso maior do celular, por 10 horas durante o dia, nas expectativas do especialista em pegada de carbono, emite 86 kg CO2e por ano.

A fase de fabricação do celular é onde ocorre a maior emissão de carbono equivalente

Em primeiro lugar, é preciso falar  que a maioria das emissões de CO2e relacionadas aos celulares é gerada durante a fabricação, que inclui a fase de mineração, um processo com uso intensivo de carbono. Em grande parte, isso ocorre porque os smartphones são produzidos a partir de metais como ouro, tungstênio, cobalto e os chamados elementos de terras raras, como ítrio, lantânio e vários outros. Segundo alguns estudos, a fabricação de um smartphone é responsável por 85% a 95% da pegada de carbono de cada dispositivo.

Muitas peças e materiais que compõem um smartphone, desde baterias e telas até os componentes eletrônicos que controlam o aparelho, exigem em sua produção grandes volumes de emissão de gases. Isso inclui componentes como processadores, unidades de processamento gráfico ou GPUs, componentes de memória e etc. Embora os circuitos integrados sejam por natureza bastante pequenos, eles resultam em um impacto ambiental desproporcional.

indústrias na produção de celulares, que é onde há o maior impacto na Pegada de Carbono

Imagem: Ralf Vetterle/Pixabay/CC

Celulares Apple cada vez mais verdes

Essas informações sobre os impactos na produção de celulares são observadas de perto por empresas que possuem ações com foco na política ambiental, como é o caso da Apple. A Maçã, historicamente, divulga relatórios com suas análises de emissão de carbono em modelos de iPhone e outros dispositivos produzidos pela empresa, além de relatórios relacionados ao seu progresso na área de meio ambiente.

Não diferente com relação aos processos de fabricação dos seus celulares, desde os primeiros iPhones aos modelos mais atuais, os registros apontam na produção as maiores taxas de emissão de carbono. O iPhone 12 com 64 GB de armazenamento, por exemplo, de acordo com dados da própria empresa, gera durante a pegada de carbono de seu ciclo de vida 70 Kg de CO2e, com 83% desse montante gerados na fase de produção. Outros 2% são emitidos na fase de transporte do telefone, ficando 14% relacionados ao uso e menos de 1% no processamento de fim de vida do aparelho.

Meta da Apple é zerar emissões até 2030

Os dados são diferentes conforme aparelho e também conforme armazenamento. O mesmo celular iPhone 12, mas com 128 GB de armazenamento, tem uma pegada de carbono em 75 Kg de CO2e. Já a pegada de carbono do iPhone 12 com 256 GB de capacidade é registrada com 85 Kg de CO2e na documentação da Apple. A duração do ciclo de vida desses aparelhos, segundo a empresa, possui entre três ou quatro anos em uso de energia pelos primeiros proprietários, em cenários baseados em históricos de dados de uso dos clientes para produtos semelhantes.

A Apple também afirma que o iPhone 12 é o seu primeiro produto feito com tungstênio reciclado e o primeiro com a maioria de elementos de terras raras reciclados. Outros dados importantes da documentação de outubro de 2020 sobre o celular são sobre baixo consumo de energia para sistemas de carregador de bateria e embalagens ecologicamente corretas. A empresa também registrou que houve foco na redução de emissão de carbono na decisão de não colocar o carregador junto do aparelho na caixa. Além disso, a Apple reforça estar empenhada em atingir sua meta de zerar emissões de carbono até 2030.

Celulares Android também têm bons exemplos

As informações sobre um aparelho tão importante como o iPhone 12 ajudam a ilustrar a pegada de carbono dos celulares de um modo geral, inclusive de modelos Android. É importante, porém, que seja destacada a ausência de consenso das fabricantes sobre emissões, causando a falta de uma padronização que seria muito necessária. De qualquer forma, é possível apontar algumas ações de grandes fabricantes globais de celulares, que acabam sendo positivas para as pegadas de carbono na fabricação de seus aparelhos.

Um dos exemplos da coreana Samsung (maior fabricante de celulares do mundo atualmente) que podemos citar nessa linha é o reconhecimento de redução do impacto ambiental da certificadora britânica Carbon Trust junto a nove dos principais produtos de memória da empresa. Entre eles, está a uFS 3.1 de 512 GB, memória de armazenamento mais recente para smartphones. Os certificados Product Carbon Footprint (PCF) obtidos pelos dispositivos da coreana representam um papel significativo na transição para uma economia global de baixo carbono. A Samsung também obteve reconhecimento recente da Carbon Trust por conta de uso sustentável de água na produção de semicondutores. Outros dados importantes da coreana a nível ambiental tivemos em março, quando a Samsung declarou ter atingido 100% de energia renovável nos EUA, na China e na Europa.

A pegada de carbono no uso dos celulares

Sim, a maior pegada de carbono de um celular é na sua fabricação, mas também é possível tomar certas atitudes para reduzir possíveis problemas ambientais no próprio uso do dispositivo. A princípio, podemos partir de um consumo de energia mais consciente. Pequenos ajustes podem ser muito bem vindos nesse sentido, que vão desde a usar menos os aparelhos durante o dia a depender menos de centros de dados que consomem grandes quantidades de energia.

Com relação à energia elétrica, assim como o setor industrial de semicondutores requer grandes quantidades de eletricidade anualmente e precisa focar em alternativas renováveis, nós podemos adaptar alguns hábitos. Usar a tela em modo noturno (escurecer a tela) ou desligar o celular à noite (ou colocar em modo de economia de bateria) são alguns passos. Uma atenção a menos tempo de tomada carregando o celular, resumidamente.

Já na parte de comunicações móveis, usos diversos impulsionam o ritmo dos data centers. Para cada mensagem de texto, download de vídeo, troca de fotos, e-mail ou bate-papo, há servidores consumindo energia 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Desativar reprodução e downloads automáticos

Aqui, a dica fica para mudar as configurações de reprodução automática de vídeos, de HD para uma resolução mais baixa, como um exemplo de atitude interessante. Ter atenção e desativar downloads automáticos desnecessários de aplicativos é outro procedimento válido. Uploads e downloads afetam o meio ambiente, assim como ver vídeos no YouTube e assistir filmes da Netflix pelo celular. Um estudo recente da plataforma de streaming constatou que uma hora de vídeo que o usuário assiste equivale a algo por volta de 100 g de CO2e emitidos. A nível de comparação, este valor representa quase o mesmo que dirigir um carro comum em uma distância de 400 metros, ou ligar um ventilador de teto por quatro horas nos Estados Unidos, ou por seis horas da Europa.

Redes de comunicação e data centers

estatísticas que apontam para 764 megatoneladas de CO2-e por ano sendo emitidas atualmente pela infraestrutura formada por redes de comunicação e data centers (estes, respondendo por cerca de dois terços da contribuição total). De acordo com os dados do próprio Google, um usuário médio dos seus serviços que, pelo celular, realiza 25 buscas por dia, assiste a 60 minutos de YouTube, tem uma conta do Gmail e acessa outros serviços da empresa, produz 8 g de CO2e por dia aproximadamente. O Google Cloud, inclusive, já opera com quase 90% de energia limpa no Brasil, em uma proposta para minimizar os impactos ambientais da empresa.

Para darmos exemplo das redes sociais, segundo um relatório de sustentabilidade do Facebook, a pegada de carbono anual de um usuário é de 299 g de CO2e. O Facebook também possui servidores e data centers bastante potentes que acabam exigindo bastante energia elétrica e, consequentemente, gerando emissão de gases para levar ao usuário os conteúdos que aparecem em sua timeline, na tela do celular.

Cuide bem do seu celular

No entanto, como a maioria das emissões de carbono ocorre durante a fabricação, a melhor maneira de reduzir a pegada de carbono do celular é cuidar bem do próprio aparelho. Ao manter a vida útil do telefone pelo maior tempo possível, menor fica a necessidade de um novo aparelho  entrar em cena no planeta e menos resíduos e lixo eletrônico são gerados por causa do descarte de mais um produto resultado de mais um ciclo de substituição.

celulares antigos

Imagem: Bruno /Germany/Pixabay/CC

Srilatha Manne, engenheira e arquiteta de hardware da Azure, e responsável por muitas das informações que trouxemos aqui, escreve em um post do blog da Microsoft que são diversos os motivos que acabam exigindo a substituição de nossos celulares. Porém, na maioria dos casos, não é porque o hardware está quebrado ou danificado. Em vez disso, os problemas estão nos periféricos e nos softwares.

De acordo com Manne, a substituição da bateria, por exemplo, poderia facilmente estender a vida útil de um telefone em anos. O mesmo acontece quando os aparelhos trazem um design o mais modular possível que permite facilidade de reparo ou troca de peças mais facilmente. Telefones que mostramos recentemente em um post sobre alguns celulares ecologicamente corretos têm algumas dessas características.

Ciclo de evolução de software e hardware
celular com a tela mostrando o planeta Terra envolto em uma planta

Imagem: Gentle07/Pixabay/CC

A engenheira lembra que outro problema que força as substituições são os novos aplicativos, como jogos, que estão aumentando em complexidade e tamanho. Os apps mais recentes podem não funcionar bem em hardwares antigos devido ao desempenho da memória, armazenamento ou processador, e um aparelho em perfeito estado acaba sendo substituído para atender às necessidades do usuário.

Aqui, as questões acabam indo um tanto para o campo de produções e lançamentos melhores das empresas de dispositivos, de softwares e de apps. Partindo de aparelhos com otimização de memória e processamento, softwares que exijam menos de hardware e apps no mesmo sentido. Tudo sendo pautado no desenvolvimento de produtos que sejam o mais ecologicamente responsáveis.

Opção dos celulares refurbished

Agora, quando é inevitável para o usuário adquirir um novo celular porque o atual já não funciona mais, ou não corresponde com as exigências do dia a dia, no trabalho, nos estudos ou no entretenimento, é possível optar por smartphones recondicionados, também chamados de refurbished. Ao fazermos esse tipo de aquisição, estamos recebendo um celular novo, sem os cerca de 80% das emissões de carbono associadas à produção. Nos casos de uma atualização por conta de melhorias de software e hardware, há opções como os programas de troca e reciclagens oferecidos por empresas como a Samsung. O descarte dos telefones também pode e deve ser feito de forma responsável, como é possível seguindo as dicas postadas aqui. Mas, só para reforçar, cuidar bem do celular atual é imprescindível para que ele tenha a melhor pegada de carbono possível.

Imagem: lamyai/iStock