A escassez de peças para fabricação de diferentes tipos de processador está criando uma dificuldade para a Qualcomm atender à alta demanda do mercado por seus chips. Em rápida declaração para a agência Reuters, a empresa admitiu que a procura pelas peças utilizadas em smartphones, tabletas e gadgets está significativamente maior do que a oferta. “Ainda temos nossa demanda basicamente maior do que a oferta”, resumiu Cristiano Amon, novo presidente-executivo da Qualcomm.
O aumento da demanda por peças de mais de um tipo de processador da Qualcomm aumentou à medida em que a dificuldade imposta pelo governo dos Estados Unidos contra a Huawei também se multiplicou. E já está começando a impactar negativamente pelo menos duas das maiores empresas em vendas de celulares no ano passado: Samsung e Xiaomi.
Duas fontes diferentes disseram à Reuters que a escassez de peças da Qualcomm estava afetando diretamente a produção de smartphones de entrada e intermediários da Samsung. Uma outra, também ligada à empresa sul-coreana, afirmou que o carro-chefe da Qualcomm, o Snapdragon 888, também estava em falta, mas que, por enquanto, ainda não atrasou a produção da linha de flagships da marca. Oficialmente, no entanto, a Samsung não quis comentar o assunto.
Xiaomi vê “escassez extrema”
Se a Samsung não se pronunciou oficialmente, o mesmo não se pode dizer da Xiaomi. Lu Weibing, vice-presidente da fabricante chinesa, abriu o jogo sobre a gravidade da situação, e a dificuldade que a alta demanda pelo processador Qualcomm gerou em sua própria empresa. “Não é uma escassez, é uma escassez extrema”.
Um dos fatores que contribuíram para a disparidade entre oferta e procura foi uma falta de energia, causada por tempestades de inverno, que obrigaram o fechamento temporário de uma fábrica Samsung no Texas. A instalação é responsável por construir alguns dos transceptores de radiofrequência da Qualcomm, e teve de interromper as operações em fevereiro.
Por conta da “escassez extrema” citada pela Xiaomi, um cenário de pânico acabou se instalando e, consequentemente, causando o aumento dos preços. Segundo Case Engelen, CEO da Titoma, um designer e fabricante contratado, um chip de unidade de microcontrolador comumente usado da STMicroelectronics, originalmente com preço de US$ 2, agora é vendido por US$ 14.
Até mesmo quem não usa os chips para um processador de celular, como a Qualcomm, está com dificuldade para lidar com a alta demanda. Simon Wan, co-fundador da marca chinesa de aspiradores de pó robóticos Roborock, exemplificou: “Todo mundo está fazendo pedidos como um louco, quando na verdade não consegue nem mesmo usar tudo o que pede”.
Via Reuters