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Uma pergunta bastante feita nos dias de hoje é: quanto duram os dados? Bom, a resposta, pode ser um tanto quanto polêmica. Principalmente porque, ao especular sobre o tempo de vida de um dado – ou data shelf life – o resultado pode ser infinitos debates sobre como as informações digitais, que podem ser utilizadas e reutilizadas milhares de vezes, poderiam ser perecíveis. Em 2017, o The Economist afirmou que os dados pessoais eram o “novo petróleo”, capazes de alimentar negócios e organizações, criar vantagens competitivas e, até mesmo, novos produtos e serviços. Os fluxos de dados criaram novas infraestruturas, novos negócios, novos monopólios, novas políticas e – principalmente – novas economias.

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Para Thoran Rodrigues, especialista em dados e CEO da BigData Corp., plataforma que opera um dos maiores processos de coleta e estruturação de dados do mundo, são vários os pontos que influenciam em quanto tempo dura um dado. Ele explica que, além da vida útil implícita da informação, a maleabilidade dos dados – que possibilita que uma mesma informação seja utilizada em diferentes situações e de diferentes formas – traz mais relevância para as tomadas de decisão, mas também altera esse prazo de expiração. “Informações de identificação pessoal, como o nome ou a data de nascimento de uma pessoa, dificilmente mudam com o tempo e, uma vez coletadas, podem ser armazenadas indefinidamente, sem grandes preocupações”, explica o especialista. “Já os dados referentes a relações de trabalho ou à pontuação de crédito são menos estáveis e precisam de constante atualização”, acrescenta. Essa é a validade implícita dos dados.

Dados “perecíveis”

Para entender melhor como um dado pode ser ou não “perecível”, vamos a alguns exemplos: o primeiro deles é referente aos dados de geolocalização. “Um dispositivo móvel pode informar a localização de uma pessoa num determinado momento, mas logo aquela pessoa poderá se deslocar para outro ponto distante. E isso pode fazer toda a diferença para a tomada de decisões de uma empresa”, comenta o CEO. O profissional ainda ressalta que se esses dados forem usados para promoções locais ou anúncios, o prazo de validade deles será quase instantâneo, já que eles não vão servir mais a partir do momento em que a pessoa se deslocar para outro lugar. “Por outro lado, os mesmos dados, compilados e avaliados ao longo do tempo, podem revelar padrões de deslocamento e outras informações que podem ser relevantes para entender se a pessoa dirige por regiões perigosas, impactando seu risco para uma seguradora”, analisa o especialista.

Outro exemplo atual mencionado por Thoran em quanto dura um dado está relacionado à mudança do contexto do casamento em si. Por muitos anos, o casamento afetava diretamente os dados pessoais dos indivíduos, já que grande parte das mulheres assumiam o sobrenome do marido. Hoje, a definição de casamento se expandiu para cobrir casais não-binários e outras variações, e, à medida que as expectativas associadas ao casamento se alteraram, esse tipo de alteração também mudou e afetou diretamente a vida útil de um dado específico: o nome. O conceito do “gênero” também se alterou e passou a incluir opções não-binárias e isso agora possibilita que indivíduos cadastrem múltiplos nomes (nomes sociais) sob seus CPFs. Assumir o gênero de um indivíduo com base no nome, ou até mesmo processos tradicionais de validação de identidade, não podem mais ser baseados nas categorizações tradicionais, cujo prazo de validade já expirou. 

Na opinião do especialista e CEO da BigData Corp, dados irrelevantes e desatualizados podem levar não apenas à tomada de decisões abaixo do ideal, mas acabar com a reputação de uma empresa diante do mercado ou, ainda, trazer problemas jurídicos. “Dados em excesso e desatualizados geralmente demonstram um certo descaso da empresa, tanto com o tratamento como com a proteção desses dados, preparando um prato cheio para fraudes e invasões”, conclui o executivo, acrescentando que isso pode ocasionar em vazamentos. Recentemente, o Brasil foi alvo de um vazamento num fórum hacker em que nove milhões de senhas foram expostas.  

Data shelf life x Cookies

E você sabia que os dados que utilizamos diariamente em nossos dispositivos também podem ser perecíveis e servem para vigiar o nosso comportamento na internet? Neste cenário, podemos mencionar os cookies – as diversas informações que são armazenadas por um servidor web, de forma temporária, e que são aceitos durante a navegação em sites. Esses cookies registram as preferências de cada usuário e as transformam em anúncios. E, mais uma vez, podemos perceber no nosso dia a dia o conceito de data shelf life, ou tempo de prateleira dos dados. Ou seja, não é porque você acessou um website algumas vezes (para resolver o problema com alguma compra em algum e-commerce, por exemplo) que você vai ter interesse em continuar recebendo informações relacionadas a ele ou ao e-commerce que você teve problemas.

Assim, sabe-se que, caso não queira ser impactado por anúncios relacionados a sites que você acessou recentemente, a forma mais simples de resolver esta situação é apagar os cookies direto pelo sistema do celular ou por meio de aplicativos. Entretanto, vale lembrar que, conforme você acessa outros websites, essas informações serão recolhidas novamente, mas certamente vão começar a aparecer outros anúncios que podem continuar sendo ou não do seu interesse.

Foto: Vitaly Vlasov/Pexels