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Tim Cook está preocupado com os cantos obscuros nos quais a internet está se transformando. Em entrevista para o Sway, podcast do New York Times, o CEO da Apple abriu o jogo sobre privacidade no mundo digital, redes sociais, a necessidade de regulamentação e como a empresa agirá no governo Biden.

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Durante a entrevista, Tim Cook afirmou que privacidade é um dos assuntos mais importantes do século XXI – e que estamos em crise nesse ponto. Ele afirmou também que, mesmo não sendo muito entusiasta de regulamentações, as redes sociais possuem graus de responsabilidade pelo conteúdo publicado pelos usuários. “Para nós, privacidade é um direito básico. É um direito no qual outros direitos se constroem.”

“Se você pensar em um mundo de vigilância, um mundo em que você sabe que alguém sempre está assistindo tudo o que você faz, e no caso de um celular ou computador, ele também sabe o que você está pensando. Porque digitar e pesquisas, neste mundo, mostram isso. Num mundo como esse, você começa a fazer menos. Pensar menos.”

O CEO da Apple afirmou que, no início, acreditava num mundo em que as empresas se regulassem por conta própria, o tempo provou o fez mudar de ideia. “Eu vi empresas persistindo em caminhos que me pareciam fora do razoável”, explica. Quando questionado o motivo da Maçã de Cupertino ser tão vocal no que diz respeito a privacidade, Cook explica que a medida irá impactar na liberdade de expressão.

“Rótulos nutricionais” de privacidade
Apple e Facebook

Imagem: Armand Velandz (Pexels)

Tim Cook ainda afirmou que a atualização para a versão 14.5 do iOS – aquela com as novas políticas de privacidade – irá ao ar em algumas semanas. A nova medida faz parte do que a Maçã de Cupertino quer chamar de “rótulos nutricionais” de privacidade. Basicamente, resumos e filtros de informação que esclareçam relatórios enormes de “Termos de Serviço” para que o usuário tenha noção de onde está se metendo.

Quando questionado sobre o impacto que a decisão terá em plataformas como o Facebook, Cook declara estar chocado com o grau de retaliação que a Apple está encarando. O CEO explica que a medida não é uma decisão política voltada contra alguma rede social em específico, mas sim um avanço nas mudanças de privacidade da Apple, que ocorrem anualmente.

“É difícil argumentar contra o direito à privacidade. Eu acho que você pode fazer publicidade digital sem rastreá-las e sem usar seus dados, e eu acho que o tempo irá provar isso.”

Cook explicou ainda que a alteração permitirá que os desenvolvedores esclareçam sobre a função dos rastreadores de cada aplicativo. “Tudo o que queremos é oferecer uma ferramenta para que as pessoas que devem tomar essa decisão possam fazê-la”.

Foco em diretrizes, não em política

O CEO da Apple afirma que a empresa não ficou mais politizada após a eleição de Joe Biden, e que suas ações não serão diferentes do período do governo Trump – dos quais Cook tinha relações próximas.

“Seja lá quem estiver na Casa Branca, nós engajaremos com eles para encontrar áreas em comum onde possamos trabalhar juntos. Embora eu tenho certeza de que haverão áreas em que estaremos dos lados opostos, nosso foco não é política. Nosso foco são as diretrizes.”

Banimento de Parler pode voltar atrás

O CEO da Apple ainda comentou sobre a decisão da remoção da rede social Parler da App Store após o ataque ao Capitólio. Enquanto a plataforma já não obedecia diretrizes de privacidade, Cook aponta que a derrubada do aplicativo se deu por problemas de moderação. “Trabalhamos duro para fazer com que os aplicativos entrem na plataforma, não para que saiam”, afirma.

Ele reforça que é possível que o app volte a estar disponível na loja virtual, assim que o Parler resolver seus problemas de moderação. “Um mundo com mais redes sociais é melhor do que com menos.” Quando questionado se a decisão de retirada da rede social do ar não foi tardia demais, Cook respondeu: “agimos assim que soubemos do que estava acontecendo.”

Imagem: Reprodução (Apple)