A Huawei passa por um momento bastante delicado no mercado global de dispositivos eletrônicos. A fabricante chinesa vem sofrendo pesadas sanções em uma guerra comercial com os Estados Unidos desde os tempos recentes de Trump até hoje, com Biden ocupando a presidência da potência americana. Ao que tudo indica, tentando de alguma forma contornar essa situação, a Huawei está voltando seus trabalhos para o desenvolvimento de software.
Para termos uma ideia do tamanho da queda da empresa, na semana passada, publicamos que a Huawei não é mais uma das cinco maiores fabricantes de celulares do mundo. De acordo com o ranking da Strategic Analytics, após ocupar a segunda colocação no mesmo período do ano passado, a chinesa nem chegou a ser citada no relatório de agora da consultoria.
As adversidades do atual momento foram consideradas no relatório anual de 2020 da fabricante, divulgado no início deste mês. Nele, a Huawei afirma que os resultados foram condizentes com o seu planejamento e fez questão de expor seus trabalhos junto à tecnologia 5G e seu empenho no software HarmonyOS. Mesmo com o sistema operacional da empresa cogitado no final de 2020 como um reforço para o mundo dos celulares, muito possivelmente, deverá ocorrer um corte de 60% (ou mais) da produção da Huawei em smartphones este ano.
HarmonyOS em veículos elétricos e computação em nuvem
O HarmonyOS também está enveredando para o universo dos automóveis, como prova a recente adoção do sistema operacional pelo veículo elétrico Arcfox Alpha S, desenvolvido em pareceria com a estatal chinesa Baic Group. Dentre as pretensões da Huawei para novos horizontes, está o campo dos automóveis movidos a energia elétrica.
Wang Chenglu, Presidente do Departamento de Engenharia de Software da Huawei, afirma que a empresa está focada em trabalhar com parceiros da indústria para criar um ecossistema robusto em torno de seu sistema operacional. A fabricante chinesa afirmou que tem como objetivo levar o HarmonyOS a 300 milhões de dispositivos ainda em 2021. Já no último domingo (25/04), a Huawei lançou alguns novos produtos de computação em nuvem, desafiando o líder desse mercado da China, o Alibaba. Em um comunicado à imprensa, a empresa afirmou que espera que o foco na nuvem acabe aumentando a proporção que os negócios em software e serviços possuem junto à receita total da Huawei.
Segundo Neil Shah, diretor de pesquisa da consultoria Counterpoint Research, a Huawei está acelerando seu caminho para uma empresa de serviços em nuvem e software. Desta forma, a chinesa está se tornando, em suas palavras “como o Google”.
Em sua busca por áreas como veículos e nuvem, a Huawei acabará esbarrando em algumas das maiores empresas de tecnologia da China. Além dos interesses do Alibaba na computação em nuvem, no espaço dos veículos, uma série de empresas está competindo por uma fatia do bolo, desde empresas estabelecidas, como o Baidu, a novos concorrentes, como a Xiaomi. A rival chinesa, inclusive, é uma das empresas que estão aproveitando o vácuo que surge com a queda da Huawei no mercado de celulares. Só no último trimestre de 2020, por exemplo, a Xiaomi viu seus lucros com smartphones crescerem 38,4%.
Via Android Community e CNBC
Imagem: Birute/iStock