Há tempos, Sir Tim Berners-Lee vem declarando sua insatisfação com a forma como a internet tem sido utilizada. Em virtude disso, o criador do sistema de navegação conhecido como World Wide Web, o “www” que vem antes dos endereços na internet, vem trabalhando em uma web diferente da atual.
Considerado o pai da internet, Berners-Lee está disposto a tentar novamente. Ele é cofundador e diretor da Inrupt, empresa que pretende entregar uma rede de benefícios compartilhados para todos, colocando os indivíduos no controle de seus próprios dados.
Muito do tom nas observações feitas por Berners-Lee contra o uso atual da internet é em virtude de problemas que prejudicaram a chamada Open Web, ou web aberta, em uma era de plataformas enormes e fechadas, como Facebook, Google e Apple. Essas empresas construíram verdadeiros impérios, em alguns casos, por conta do uso de dados das pessoas (e seus aparelhos) que utilizavam os serviços.
Reescrever a web
Além da perspectiva de segurança e privacidade para os indivíduos com a Inrupt de Berners-Lee, essa nova web também se coloca como potencializadora da criatividade, da oportunidade e da competição para moldar o mercado. Grande parte de seu interesse atual também está na ampliação de desenvolvedores de software ativos e criando aplicações para a plataforma.
A Inrupt, como a web original, é basicamente um conjunto de protocolos de como as máquinas se comunicam. O que significa que um maior número de atividades e aplicações em sua plataforma, e como elas ocorrem, dita o crescimento e o formato dela.
O Solid é compatível com os padrões da web atual
Toda a tecnologia da Inrupt está em torno do projeto de código aberto chamado Solid. Baseada em especificações abertas, a tecnologia do Solid busca permitir interoperabilidade em um amplo ecossistema como a web. Seu desenvolvimento é voltado para a organização de dados, aplicativos e identidades, de forma compatível com os padrões de rede existentes.
Através do Solid, a Inrupt promete uma web onde as pessoas podem usar um único login para qualquer serviço, com o benefício de terem em mãos um controle maior de seus dados. Essas informações pessoais são armazenadas em Pods (Personal Online Data Stores), locais de armazenamento de dados controlados pelo usuário.
Controles de permissão com os Pods
O controle de acessos possibilitado pelos Pods permite que as pessoas controlem quais entidades e aplicativos podem acessar seus dados. Para Berners-Lee, a Inrupt oferece aos usuários o poder que ajudou os grandes serviços de mídia social a se tornarem as potências que são hoje.
Em uma recente entrevista à Reuters, Berners-Lee falou sobre a Inrupt e sua proposta de refazer o ciberespaço. O cientista da computação britânico declarou que “as pessoas estão cansadas da falta de controles, dos silos”, com alusão direta às gigantes da tecnologia. Com os Pods, que armazenam dados do usuário em um formato interoperável, os usuários terão em mãos controles de permissão muito mais consistentes.
John Bruce, CEO e também co-fundador da Inrupt, declarou que a empresa já trabalha com o Serviço Nacional de Saúde (NHC) do Reino Unido, com a BBC e com o governo de Flandres, na Bélgica. Até abril deste ano, ele pretende anunciar mais avanços nos negócios da plataforma. De acordo com Tim Berners-Lee, os casos de uso da Inrupt são tão amplos, que é como uma reformulação da web.
Via Reuters
Imagem: ipopba (iStock)