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Você que já se decepcionou com o seu smartphone perdendo até um terço do valor em doze meses pode gostar do conceito de um celular “refurbished”. O termo é usado para designar celulares recondicionados, remodelados ou até restaurados – ou seja, reparados e revendidos – como uma espécie de segunda mão de qualidade.

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Com a desvalorização do Real e o custo elevado das importações, o custo dos eletrônicos aumentou, o que fez, inclusive, aumentar o interesse nos celulares usados. Segundo a fundadora do FixOnline, Tatiana Moura, os compradores de celulares refurbished, por vezes, economizam até 80% do preço do mesmo aparelho original no mercado.

Ela afirma ainda que a própria troca de componentes cria um mercado específico para a restauração desses aparelhos. A renovação pode ser feita tanto por empresas especializadas quanto por pessoas que queiram vender seus celulares a preços mais baratos. A opção também pode ser do interesse de um usuário que não queira trocar seu aparelho.

Aposta segura?

O Brasil não possui um histórico de consumo de eletrônicos de segunda mão. Embora isso se deve, em parte ao fato dos smartphones terem um ciclo de vida decrescente, muitas assistências técnicas não possuem especialização adequada para o conserto adequado do celular.

Isso faz com que, a cada ida ao conserto, o aparelho volte cada vez menos funcional – e, assim, mais próximo de virar lixo eletrônico. O celular refurbished não passa por isso. Isso porque o processo mantém o aparelho o mais próximo do original possível, trocando os componentes que já apresentam mau uso.

Entretanto, isso não significa que todo aparelho refurbished esteja no mesmo nível. Há quatro níveis de graduações dos dispositivos recondicionados, que vão de A a D.

A categoria A corresponde a aparelhos com menos de 30 dias de uso – normalmente devolvidos intactos pelos usuários, ou que tiveram de ser remodelados pouco após saírem de fábrica. A categoria B é para celulares que funcionam perfeitamente, porém apresentam algum problema estético, como pequenos arranhões na traseira.

Já os smartphones de nível C são aqueles que possuem mais sinais de uso, tanto na superfície quanto no desempenho. Por fim, os de nível D, mais comuns de serem vendidos por pessoas do que por empresas, apresentam muitos sinais de uso e podem apresentar defeito em alguma de suas partes.

O problema do lixo eletrônico

Um dispositivo refurbished tem efeito direto no problema de emissão de lixo eletrônico. O lançamento constante de novas linhas de aparelhos faz com que o ciclo de vida de um smartphone seja baixo. Na corrida pelas vendas, os smartphones se desvalorizam em questão de anos, o que aumenta o descarte de modelos antigos.

Jogados no lixo de qualquer jeito, os smartphones inflam o problema do lixo eletrônico, que é um problema sério em qualquer país. No Reino Unido, empresas como Apple e Amazon já foram multadas pelo descarte incorreto, e o Parlamento europeu obrigou que em 2021 as fabricantes informem a durabilidade estimada dos smartphones.

Hoje, a própria Samsung orienta seus clientes a fazerem reciclagem de seus celulares antigos, mas a prática está longe de ser cultura do usuário. Um aparelho remodelado aumenta o ciclo de vida e, consequentemente, reduz o lixo eletrônico. Não é por acaso que empresas como a Apple vendem aparelhos recondicionados do tipo A ou B, sempre com preços mais acessíveis e muito sucesso.

Imagem: Lemonade Serenade (Shutterstock)