Duas pesquisadoras da Universidad de Deusto, na Espanha, publicaram um estudo revelando como a inteligência artificial pode manipular decisões no mundo digital. As acadêmicas de psicologia, Ujué Agudo e Helena Matute avaliaram a facilidade do ser humano em ser influenciado por algoritmos no posicionamento político e nas preferências de relacionamento.
As pesquisadoras elaboraram uma bateria com quatro testes, com resultados de que a manipulação por algoritmos é possível, Mais ainda, concluíram que “determinados modelos de persuasão (explícita ou indireta) são mais eficientes dependendo do contexto (política ou namoro)”.
Para preparar os participantes, todos os quatro testes iniciaram com um falso quiz de personalidade, que supostamente orientariam os algoritmos. Na verdade, a IA operava com o mesmo perfil de usuário para todos. As instruções recebidas pelo programa eram propositalmente vagas, podendo caber em qualquer pessoa.
Influência política funciona de maneira mais direta
Os dois primeiros testes avaliaram especificamente como a Inteligência Artificial pode manipular decisões políticas. No primeiro experimento, os participantes visualizaram imagens e perfis de políticos fictícios dizendo quais candidatos batiam com suas personalidades em um alto percentual. Os resultados seriam comparados com um grupo de controle, que recebeu o mesmo conjunto de imagens, porém sem manipulação algorítmica.
Após a exibição, os usuários foram questionados em quais políticos fictícios votariam, baseados apenas naquelas informações disponíveis. As pessoas do primeiro grupo estavam muito mais inclinadas a votar no candidato que a IA sugeriu. O grupo de controle, por sua vez, apresentou resultados mais diversos.
O segundo experimento trabalhou a manipulação de forma indireta: nele, o algoritmo favorecia a exibição de quatro candidatos, expondo previamente as imagens deles aos participantes para gerar familiaridade. Como resultado, a influência não apresentou diferença estatística considerável.
Contexto de influência difere nos apps de namoro
Nos outros dois testes, as pesquisadoras verificaram se a inteligência artificial teria os mesmos resultados ao manipular decisões de combinações em um app de namoro. Assim como nos anteriores, os usuários visualizaram perfis de algumas pessoas que o aplicativos dizia que seriam ideais para seus relacionamentos. Nesse caso, os participantes ignoraram completamente as sugestões dos algoritmos.
Por outro lado, quando a IA exibia as mesmas pré-seleções nos testes por questões de familiaridade, os participantes estavam mais inclinados a escolher os perfis vistos previamente. A conclusão das pesquisadoras não era mais se podemos ser manipulados por algoritmos, mas sim quais deles são usados mais idealmente para cada situação.
Via The Next Web
Imagem: Cottonbro/Pexels/CC