Você já ouviu falar de variabilidade de batimentos cardíacos? Se ainda não, saiba que o tema está em altal principalmente no que diz respeito ao mundo fitness de hoje. É claro que isso não poderia ficar de fora dos gadgets voltados para a vida saudável. Bom, mas antes de saber mais sobre isso, vamos desvendar o que se trata essa tal de variabilidade de batimentos cardíacos e o motivo pelo qual ela é tão importante para o seu condicionamento físico.
Enquanto muitos ainda pensam que a frequência cardíaca estável é sinônimo de saúde, a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) vem mostrar justamente o contrário. Assim, quanto maior for essa sua variabilidade, mais saudável você será. Para entender o motivo disso, é necessário perceber como funciona o seu sistema nervoso autônomo, a área do corpo que controla tudo o que acontece “automaticamente”, como respiração, digestão, e, claro, frequência cardíaca. Assim, o seu sistema nervoso autônomo pode ser dividido em sistema nervoso simpático e parassimpático.
Resumindo, nosso corpo funciona de duas maneiras. Vamos a um exemplo: durante uma resposta do seu corpo a uma situação de luta ou fuga, sua freqüência cardíaca aumenta, suas pupilas dilatam, seus músculos se contraem e você começa a respirar de maneira mais forte. Seus pensamentos também começam a acontecer mais rapidamente, enquanto funções como a digestão e a resposta imunológica, por exemplo, ficam em segundo plano. E tem mais: a viscosidade do sangue aumenta para melhorar as chances de coagulação, caso você se machuque.
Então, perceba que existe um momento em que o seu corpo precisa lutar para sobreviver, e outro que ele relaxa, quando está num estado de descanso, dando atenção a ações mais apropriadas. Sabe aquele estágio em que nos encontramos após aquele almoço de domingo? Pois é, é chamado de estado pós-prandial, e que também ocorre depois daquele treino na academia. É um estado chamado de anabólico pelos fisiculturistas, por exemplo. Durante o estado de repouso e digestão, o sistema nervoso parassimpático está no comando. Isso significa que o seu organismo pode se concentrar em relaxar, reparar os tecidos, reabastecer os músculos e absorver os nutrientes. Os músculos relaxam, os pensamentos se tornam tranquilos e sua frequência cardíaca volta a diminuir.
E o que isso tudo tem a ver com a variabilidade da frequência cardíaca, você deve estar se perguntando?
Bom, primeiramente, vivemos entre os dois modos, o simpático e o parassimpático, de forma fluida. Quando inspiramos, nossa frequência cardíaca aumenta para fornecer aos músculos mais oxigênio. Esse é o modo simpático. Quando expiramos, ocorre uma resposta parassimpática, na qual nossa frequência cardíaca diminui ligeiramente. A questão é: tudo está extremamente ligado. Se você estiver muito estressado, expirar irá diminuir apenas muito pouco sua frequência cardíaca em repouso. E, se estiver mais relaxado, seus batimentos cardíacos se tornam mais compassados e suaves.
Por que o smartwatch mede a variabilidade dos batimentos cardíacos?
O smartwatch mede a variabilidade dos batimentos cardíacos justamente para indicar os seus níveis de recuperação. Se você resolver treinar antes de ter se recuperado, por exemplo, vai sobrecarregar seu corpo. E isso quem afirma é a medicina: à medida que seu sistema imunológico passa cada vez mais tempo em um estado de desgaste, mais provável que você fique doente.
Portanto, a maneira ideal de treinar é esperar que a variabilidade da sua frequência cardíaca volte ao normal antes de correr para a academia. É por isso que muitos rastreadores de condicionamento físico, agora, mostram essa métrica em seus aplicativos. Outros não se apegam a esses dados, oferecendo uma visão mais geral da frequência cardíaca. Mas, no fundo, acabam tendo o mesmo objetivo.
Ah, e uma dica! Se você quer saber exatamente como anda a sua variabilidade de batimentos cardíacos, a maneira mais confiável é tirar uma média ao longo do dia. Na lista de gadgets que fazem esta medição, estão o Vivosmart 4, o Oura Ring 2 e o Apple Watch. Todos usam uma tecnologia chamada fotopletismografia (PPG), que é a responsável por captar os batimentos cardíacos pelo contato com o pulso. São precisos? Sim. Porém, se você quer precisão ao nível máximo, somente um eletrocardiograma poderá te ajudar.