Em meados de agosto de 2020, o jogo Fortnite, da Epic Games, foi banido da AppStore após a empresa tentar contornar a cobrança de uma taxa da Apple referente ao faturamento do título. Ambas as companhias estão agora em briga judicial, mas uma “gambiarra” da Nvidiapode acabar não só colocando Fortnite no iPhone novamente, como também assegurar que a Epic não pague nada por isso.
Segundo informações da BBC, a Nvidia conseguiu criar, em testes, uma versão de sua plataforma de cloud gaming – a Nvidia GeForce Now – que rode no navegador Safari de propriedade da Apple. A ideia é que usuários do GeForce Now consigam rodar qualquer jogo de PC em qualquer plataforma, por meio de um browser da web.
Fortnite é um dos jogos contemplados pela GeForce Now e, felizmente para a Epic, qualquer app que rode por um intermediário em navegadores da Apple não exigem um contrato formal com a empresa de Cupertino – qualquer atribuição financeira ou jurídica disso recai sobre a Nvidia.
E aqui entra o “xis” da questão: como Fortnite estaria rodando pela GeForce Now e esta, por sua vez, estaria em execução no Safari, então, teoricamente, o jogo da Epic Games pode rodar no navegador da Apple, sem que a Apple em si possa cobrar nada quanto a isso.
No momento, ainda não há uma versão estável da GeForce Now rodando em aparelhos iOs ou iPadOS, mas é desejo da Nvidia levar a plataforma a todas as frentes possíveis. Resta saber como isso deve se confirmar (ou não) entre a Epic e a Apple.
Fortnite no iPhone: entenda a briga entre Apple e Epic
A contenda entre a empresa de Cupertino e a dona da Unreal Engine já perdura alguns meses, e já até envolveu outras companhias na bagunça. Para entendê-la, é importante que você saiba o contexto de como um app deve se comportar dentro da App Store.
Por contrato, desenvolvedores de apps de todos os tamanhos devem, obrigatoriamente, render 30% de seu faturamento à Apple, como uma forma de custear a manutenção do aplicativo dentro da loja da empresa chefiada por Tim Cook. Essa prática é comum em diversas outras plataformas: o Google faz isso com a Play Store; a Sony faz isso com a PlayStation Network e assim por diante.
No caso da Apple, porém, isso é mais evidente: o Google permite que você crie apps para o Android sem depender da Play Store – o próprio Fortnite faz isso – e, consequentemente, escapar das taxas pedidas. A Apple não tem essa abertura: aplicativos para iOS, macOS, iPadOS e watchOS obrigatoriamente devem ser distribuídos via AppStore – qualquer coisa fora disso é entendido pela empresa como “pirataria”.
Nos acompanhando até aqui? Ótimo.
O “ban” de Fortnite no iPhone se deu porque a Epic, infeliz com a cobrança de taxas da Apple, criou uma forma de pagamento direto dentro do jogo, a fim de que usuários pudessem adquirir benefícios sem que a empresa rendesse 30% disso à Apple. A fabricante do iPhone descobriu e, citando uma violação dos termos de contrato, eliminou a conta de desenvolvedor que a Epic tinha para acessar a loja virtual.
Desde então, Epic e Apple estão em uma enorme briga judicial. Por um lado, a Apple acusa a Epic de violar os termos acordados e tentar “ser caroneira gratuita” em um serviço que, para outros, é pago. Já a Epic acusa a Apple de inibir a inovação do setor ao engajar em uma prática que, ao seu entendimento, representa a monopolização de um sistema.
A briga toda não para por aí: juntaram-se à Epic empresas como Spotify e Match Group (dona do Tinder, Plenty of Fish, Match.com, OKCupid e vários outros apps de relacionamentos), entre outras, na criação de uma coalizão que visa especificamente combater a prática da Apple.
A coalizão não fez nada prático ainda, mas individualmente, Spotify e Match Group já criticaram a cobrança dos 30% da Apple, alegando que, por causa disso, elas são forçadas a aumentarem os preços de suas assinaturas, repassando este custo aos consumidores. Além disso, o Spotify criticou o serviço AppleOne, que segundo a empresa, usa práticas ilegais.
É importante ressaltar que ainda falta muito para você ver Fortnite no iPhone novamente: a Apple dificilmente vai aceitar seu retorno sem uma briga e, dada a situação das empresas na justiça, as coisas podem piorar antes de melhorar.
Via BBC.