O jornalista da Bloomberg Brad Stone está lançando um livro que traz uma espécie de biografia sobre o crescimento da Amazon e do império de Jeff Bezos. Entre as páginas da obra Amazon Unbound: Jeff Bezos and the Invention of a Global Empire (que pode ser adquirido por R$ 264, capa dura, ou por R$ 78, para Kindle), há a revelação muito interessante de quem interpretou a voz calma e comedida da Alexa, em inglês.
Os tons da fala de uma assistente virtual possuem uma origem humana. Logo, alguém teve que oferecer sua voz como guia para que fosse alcançado um resultado necessário, após a análise, processamento e reprodução pelos algoritmos e dispositivos de hardware. A criação de uma voz sintética começa com amostras de áudio reais, mas os dados coletados de origem são exaustivamente quantizados (colocados em quantia numérica conhecida e escalonável) e remasterizados.
Nina Rolle, a voz da Alexa
Em meio às conversas e reportagens realizadas para a confecção de seu livro, Stone também entrou em contato com a comunidade de locução profissional. Foi então que o autor chegou no nome de Nina Rolle, uma dubladora profissional de Boulder, cidade do estado do Colorado, nos Estados Unidos. É possível fazer um exercício de vincular a voz da Rolle com a voz da Alexa (que veio de Rolle) ouvindo a narração do vídeo abaixo.
Rolle já conduziu trabalhos de locução para clientes como a fabricante japonesa de automóveis Honda e o JPMorgan Chase Bank. De acordo com o livro de Stone, a dubladora foi escolhida depois que a Amazon passou meses avaliando vários candidatos, com a decisão final assinada por Jeff Bezos em 2014. Desde então, foram mais de 100 milhões de dispositivos comercializados pela Amazon carregando a voz da Alexa interpretada na origem por Bolle.
Bezos queria várias vozes para tarefas diferentes
Brad Stone informa que Bezos, inicialmente, queria que dezenas de vozes diferentes saíssem dos dispositivos com assistente virtual da Amazon. Cada voz para uma tarefa específica. Entretanto, essa engenharia foi considerada impraticável, o que resultou na busca por uma voz certeira, capaz de competir na época com a Siri, da Apple, e com a Cortana, da Microsoft, que também nascia em 2014.
Stone também relata que, antes de Rolle ser a escolhida para interpretar a voz da Alexa, uma série de testes clandestinos foi conduzida em apartamentos e casas alugadas em Boston, Seattle e outras cidades. Uma gama de funcionários e profissionais trabalhou para capturar vozes e padrões de fala em uma infinidade de condições diferentes, o que causou problemas inesperados às vezes.
"Neither Amazon nor Rolle confirmed or denied Stone’s guess" … Um, it's not a guess. It's her. https://t.co/y6cgGuWWLe via @Verge
— Brad Stone (@BradStone) May 11, 2021
A Amazon não confirmou nem negou que Nina Rolle é a voz da Alexa. Nem mesmo a dubladora confirmou ou negou as reportagens de Stone. O autor se pronunciou no Twitter sobre essa falta de confirmações, dizendo que não foi um palpite, e que seria ela mesma, confira acima. A princípio, não há uma razão específica para que empresa e dubladora não queiram confirmar a informação que traz o livro de Stone.
A dubladora original por trás da Siri, a cantora Susan Bennett, foi revelada em 2013. Na época, Bennett disse que não tinha certeza se queria notoriedade por isso, além de não ter certeza de sua situação legal com relação à Siri. Porém, hoje, a dubladora parece não se importar tanto com isso. Só para termos uma ideia, Bennett, em seu perfil do Twitter, usa a arroba @siriouslysusan, além de se apresentar como a voz original da assistente da Apple. Afinal de contas, quem não teria orgulho?
Via The Guardian e The Verge
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