Chinelo pode ser arte? Ou, mais importante: chinelo pode ser arte do tipo que termina em token não fungível? A Alpargatas, popularmente conhecida pelos produtos Havaianas, quer provar que sim. A empresa vai colocar no mercado seus primeiros NFTs.
Os “produtos” são artes desenvolvidas pelo designer Adhemas Batista. Cinco no total, a serem comercializadas no app Foundation, em um leilão virtual, ao invés de venda a preço fixo. Interessados poderão participar no dia 12/05, próxima quarta-feira. Talvez o mais interessante dessa experiência da Havaianas seja o propósito da ação, que reverterá as receitas obtidas em doações ao Projeto Favela Galeria. Se trata de uma galeria de arte, ao ar livre, na zona leste de São Paulo. Mais especificamente na comunidade Vila Flávia, o projeto existe desde 2009, e serve de vitrine para talentos locais exporem sua arte em grafite.
NFTs, blockchain, especulação e ativos digitais
Para Fernanda Romano, CMO da empresa, NFTs da Havaianas são um caminho para “comunidades autônomas que se auto-regulam, sem necessidade de uma liderança central”. De fato o conceito do blockchain, na teoria, pode colocar todos em pé de igualdade na rede, mas assim como em galerias de arte ou em vitrines de loja, cada nome é um nome, e cada marca tem o seu peso.
Muita gente ainda pode achar o conceito de NFTs um tanto abstrato, afinal, estamos falando em venda de direitos de ativos digitais — arquivos — que na sua grande maioria podem ser reproduzidos sem dificuldades. Vide o caso de um meme clássico da década passada, vendido recentemente por uma plataforma de leilão.
Ainda abstrato para muitos, o conceito de NFTs vai ser utilizado pela Havaianas e muitas outras. A primeira publicação do Twitter, por exemplo, também foi leiloada nesse sistema. No final, os tokens não fungíveis podem também ser interpretados como moedas únicas que, conforme a demanda desse mercado, podem valer ainda mais no futuro. Assim como as criptomoedas.
Via Marketing Future
Imagem: Mykola Sosiukin/Getty Images