Na semana passada nos EUA, uma empresa chamada Alfi fechou um acordo para dar 10 mil tablets com câmeras de reconhecimento facial para motoristas de Uber e Lyft. Os tablets especiais vão exibir anúncios para os passageiros, enquanto uma inteligência artificial vai rastrear as reações deles ao conteúdo mostrado.
A Alfi afirma que sua tecnologia usa “visão de computador” para “reconhecer a demografia do passageiro” e entregar “conteúdo personalizado, assim como anúncios”. Segundo a empresa, os motoristas que aceitarem o tablet poderão receber uma parcela de renda de até “US$ 350”, isso se os passageiros assistirem mesmo os anúncios.
Empresa diz que algoritmo rastreia “pequenas dicas faciais”
Enquanto o site da empresa diz que o algoritmo do Alfi rastreia “pequenas dicas faciais”, o diretor de renda da empresa escreveu no LinkedIn que o Alfi realmente “usa visão de computador para reconhecimento facial”. Mas a empresa também diz que “respeita a privacidade dos usuários; sem rastrear, armazenar cookies, ou usar informação pessoal identificável”, algo previsto na lei de privacidade europeia GDPR.
Em uma apresentação recente, o chefe-executivo da Alfi, Paul Pereira, disse: “Imagine que você é uma mulher de 25 anos usando óculos de sol Gucci, e você está andando por um aeroporto e todas as telas digitais têm anúncios selecionados especialmente para você. Então em vez de ver anúncios de casas de repouso ou cadeiras de roda — que não são relevantes para você como uma mulher de 25 anos — você verá anúncios de moda feminina e óculos de marca trazidos especialmente para você”.
Como a Motherboard apontou, enquanto motoristas de aplicativos têm um trabalho cada vez mais precarizado, uma renda extra é sempre bem-vinda. Mas a Alfi parece só mais uma companhia se aproveitando dessa precarização para fazer reconhecimento facial de milhares e milhares de passageiros de Uber e Lyft, e para exibir ainda mais anúncios. E os motoristas ganham bem pouco em troca disso.
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