A tão incensada plataforma de salas de áudio Clubhouse enfrentou problemas com uma brecha de privacidade uma semana atrás. Um hacker chinês conseguiu invadir a rede social e gravar conversas de usuários, e isso usando sistema operacional Android (o Clubhouse oficialmente só está disponível para iOS), e mesmo com a plataforma não estando disponível na China.
Mesmo sem ter baixado o app, o Clubhouse pode ter seu número
Mas espiões chineses não são o único problema de privacidade do Clubhouse. As próprias políticas da nova rede social são problemáticas nesse quesito, como apontou o site Inc. Como só é possível acessar as salas de bate-papo do app sendo convidado por alguém que já é membro, o Clubhouse exige ter acesso a todos os contatos de um usuário para que ele possa mandar convites.
Dessa forma, mesmo que você nunca tenha baixado o app, ou nem sequer tenha um iPhone, o Clubhouse pode já ter o seu número de telefone. E tem mais, se o contato está ligado a um perfil de outra rede social, essa informação também é coletada pelo serviço. Ah, você não quer entrar no Clubhouse e quer deletar suas informações do banco de dados deles? Até o momento, o app não tem uma função para fazer isso.
Outra questão preocupante: apesar da plataforma não permitir que você ouça uma conversa no app depois dela ter acontecido, o Clubhouse está gravando suas salas. Nas suas políticas de privacidade, a plataforma afirma que grava os áudios das salas para investigação em casos de queixa. A plataforma não deixa claro quem terá acesso a esses áudios e em que condições no caso de uma investigação.
Deletar conta e “venda” de dados pessoais
Outro mecanismo em que o Clubhouse não parece ter pensado ainda: mesmo como membro, você não pode deletar sua própria conta. Só é possível deletar uma conta enviando um e-mail para o suporte técnico do app, support@alphaexplorationco.com, e esperar pela ajuda deles.
Provavelmente para monetizar no futuro com anúncios direcionados, o Clubhouse diz em suas políticas de privacidade que “pode compartilhar Dados Pessoais com afiliados atuais e futuros”. O que é compreensível, mas o trecho a seguir também diz que o Clubhouse “pode compartilhar suas informações pessoais sem aviso prévio”.
Por fim, o Clubhouse pode não estar fazendo dinheiro ainda, mas já está rastreando o que seus usuários fazem na plataforma e na internet no geral. E como diz a política de privacidade deles: “podemos compartilhar dados de identidade e atividade na internet com plataformas de redes sociais e parceiros de publicidade, que vão usar essas informações para te servir anúncios direcionados em redes sociais e sites de terceiros. Sob certas legislações, esse compartilhamento pode ser considerado ‘venda’ de dados pessoais”.
Imagem: William Krause (Unsplash)