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Um ex-funcionário da ByteDance, mãe do TikTok, relatou que a equipe de desenvolvimento do Douyin, irmão chinês do app, tentou criar ferramentas para censurar Uigures. Segundo os relatos, a empresa buscava uma espécie de filtro para conteúdos de lives que tivessem como idioma o da minoria muçulmana.

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Segundo o técnico de desenvolvimento, as equipes de moderação do app solicitaram diversas vezes algoritmos que pudessem detectar automaticamente quando um usuário do Douyin falava Uigur. Dessa forma, seria possível realizar a interrupção, ou seja, censurar, uma sessão de transmissão ao vivo dos Uigures no irmão do TikTok.

As solicitações eram para o desenvolvimento de ferramentas com esse modelo de execução para filtrar qualquer língua étnica ou dialeto que não fosse o mandarim. Sempre na ocasião de uma live sendo feita com idiomas diferentes, avisos apareceriam para os usuários, exigindo a mudança do conteúdo para o mandarim. Em casos de desobediência, os moderadores manualmente realizariam o corte de transmissão, não importando o conteúdo do que estava sendo transmitido.

O detalhe, porém, com relação aos Uigures, era de que as solicitações eram feitas para que um algoritmo automaticamente cortasse a transmissão, assim que o idioma da minoria muçulmana fosse falado. Com isso, os moderadores não seriam considerados responsáveis ​​por um conteúdo considerado ilegal pelas autoridades chinesas.

O governo chinês e os Uigures

A situação entre Uigures e governo chinês é uma das mais delicadas atualmente e é um dos temas mais controversos no país. Os Estados Unidos são um dos principais acusadores contrários à forma como a China trata essa minoria muçulmana dentro de seu território, apontando estar ocorrendo o que chama de genocídio Uigur.

Só para ficarmos em três exemplos sobre isso, em janeiro, o Twitter suspendeu o perfil oficial da embaixada chinesa nos Estados Unidos após a conta chamar a minoria muçulmana de máquina de produzir bebês. Outro caso recente ocorreu em dezembro de 2020, quando a Huawei admitiu que testou uma tecnologia de reconhecimento facial para identificar indivíduos da minoria Uigur na China. Já na semana passada, o app Clubhouse foi banido do país após os censores chineses captarem nas salas de bate-papo conversas tratando da situação no território de Xinjiang, onde vive a minoria Uigur.

O ex-funcionário da ByteDance informou que a tal ferramenta de identificação e censura automática de idioma Uigur nunca foi desenvolvida no irmão chinês do TikTok. Apesar disso, segundo o técnico, os cidadãos chineses já se colocam em “auto-censura”, sempre evitando que temas considerados proibidos na China sejam colocados em pauta nas redes.

Ainda assim, há sempre muita apreensão quando ocorre interrupção, por menor que seja, de moderação interna da ByteDance nos conteúdos de suas redes na China. Além do Douyin, a empresa é proprietária dos apps Toutiao, Xigua e Huoshan, voltados principalmente para o entretenimento. São censurados pela equipe principalmente conteúdos que o governo chinês considera moralmente perigosos, como pornografia, conversas obscenas, nudez e palavrões. Assim como são acompanhadas de perto as vendas não autorizadas de transmissão ao vivo e conteúdos que violam direitos autorais. Apesar disso, os conteúdos políticos são aqueles que mais causam calafrios para a ByteDance, segundo o ex-funcionário, já que ela é uma empresa nova e sem muitos laços com o governo.

Um porta-voz do app Douyin afirmou que a rede social continua a aumentar sua capacidade de moderação para a segurança da plataforma, particularmente nas lives. Inclusive, segundo o porta-voz, ainda há vários idiomas e dialetos que não podem ser moderados efetivamente por causa de falta de recursos de pessoal, mas a empresa está trabalhando para resolver essa situação.

Via Business Insider e Protocol

Imagem: Christian Ader / iStock