A demissão da pesquisadora negra Timnit Gebru da Equipe de Inteligência Artificial Ética do Google ano passado gerou polêmica sobre racismo e censura, e deixou um clima pesado na companhia. Agora parece que o Google está tentando consertar as coisas, indicando a executiva negra Marian Croak para unificar a equipe interna de pesquisa com IA. Mas a decisão não parece ter feito muito mais que reacender a questão.
Entenda a polêmica sobre racismo no Google
Gebru escreveu um artigo criticando como o Google estava usando amplamente um modelo de aprendizado de máquina de uma maneira que poderia afetar minorias se nada fosse feito para abordar a questão. A companhia exigiu que Gebru derrubasse o artigo ou tirasse os nomes dos funcionários do Google dele, ou ela seria demitida. Quando a pesquisadora escreveu um e-mail interno reclamando das promessas de maior diversidade aparentemente vazias da empresa, ela foi desligada do Google.
Na época centenas de funcionários do Google e diversos acadêmicos escreveram uma carta aberta em apoio a Gebru. Uma das defensoras da pesquisadora é Margaret Mitchell, fundadora e líder da Equipe de Inteligência Artificial Ética da companhia, que mês passado foi afastada do Google e teve o acesso a sua conta corporativa revogado. Mitchell estava pesquisando exemplos de má conduta do Google para com Gebru.
Margaret Mitchell e Timnit Gebru se posicionaram no Twitter
Através de sua conta pessoal no Twitter, Mitchell disse que só ficou sabendo da indicação de Croak por uma matéria da Bloomberg, e que “parece que fui completamente apagada e minha equipe tirada de mim”.
…And this is how I find out. I'm so glad for all the trust they've rebuilt. It seems I've been completely erased and my team taken.https://t.co/1BTGOo5Wry
— MMitchell (@mmitchell_ai) February 18, 2021
Gebru escreveu no Twitter: “Tenho muito a dizer sobre isso depois. Mas anunciar uma nova líder mulher negra, como se fôssemos todas intercambiáveis, enquanto assediam, aterrorizam e fazem gaslighting com a minha equipe, e fazem ZERO para reconhecer e reparar os danos feitos, vai além do gaslighting”. Na época de seu desligamento, o Google afirmou que tinha sido Gebru que se demitiu da empresa.
I will have a lot more to say about this later. But announcing a new org by a Black woman as if we’re all interchangeable while harassing, terrorizing and gaslighting my team and doing absolutely ZERO to acknowledge & redress the harm that’s been done is beyond gaslighting. https://t.co/cMtHqCte4e
— Timnit Gebru (@timnitGebru) February 18, 2021
Abril Christina Curley, outra defensora de Gebru e ex-recrutadora de diversidade do Google, tuitou: “Sinto muito, Timnit. O Google só quer passar fisicamente por cima de nós e nos cansar até o ponto de quebrar”. Curley já disse que foi demitida da companhia porque “eles cansaram de me ouvir expondo as merdas racistas deles”.
I'm so, so sorry Timnit. This shit is getting out of hand. Google wants nothing more than to physically run us down and exhaust us to the point of breaking. I refuse.. and I got ya back sis.. https://t.co/FFCT649bEd
— Real Abril🌈 (@RealAbril) February 18, 2021
Enquanto isso, Croak, a nova líder da equipe de IA do Google, disse que quer encontrar uma saída diplomática para toda a polêmica envolvendo racismo e IA. “Há muito conflito no momento no campo, e as coisas podem ficar polarizadas. O que quero é que as pessoas tenham essa conversa mais diplomaticamente do que agora, para podermos realmente avançar nesse campo”, ela disse num post no blog do Google.
Via Android Central
Imagem: Paweł Czerwiński (Unsplash)