Vida Celular

Tudo sobre os melhores celulares

Nós do Vida Celular e nossos parceiros utilizamos cookies, localStorage e outras tecnologias semelhantes para personalizar conteúdo, anúncios, recursos de mídia social, análise de tráfego e melhorar sua experiência neste site, de acordo com nossos Termos de Uso e Privacidade. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.

O HarmonyOS, sistema operacional da Huawei, é só uma versão estranha do Android, é o que garante o jornalista Ron Amadeo, do respeitado site Ars Technica. O site conseguiu executar e testar uma versão do segundo beta do sistema criado pela gigante chinesa (por meio de um emulador) e detalhou a experiência, que parece ser aquém do esperado para um suposto “matador” do sistema operacional do Google.

Publicidade

O jornalista começa seu relato antes mesmo de obter o HarmonyOS: “teoricamente, alguns smartphones da Huawei com Android, como o P40 Pro, podem embarcar o HarmonyOS por meio de algum tipo de beta fechado”, contou o jornalista. “Isso, porém, é limitado ao mercado chinês. Para mim, isso significava procurar o meu passaporte”.

HarmonyOS

Site americano conseguiu uma versão de testes do HarmonyOS,, sistema operacional móvel da Huawei, e as primeiras impressões não foram as melhores (Imagem: Runrun2/Shutterstock)

Segundo o texto, a Huawei exige fotos do seu documento oficial, pedindo que você aguarde um período de 48 horas para “checagem de histórico”. Esse envio – junto de seus dados como nome, data de nascimento, telefone – foi feito pelo site oficial da empresa chinesa, onde foi criada uma conta e, em seguida, foi pedido um acesso de desenvolvedor.

Por contraste: o Android (real) pede apenas que você clique em um link específico pelo seu desktop. O mesmo processo também vale para o iOS, embora a Apple exija que você faça o acesso por meio de uma máquina com macOS, como o iMac ou o Macbook.

Nem mesmo “piratear” o SDK do HarmonyOS seria possível (não que a gente vá advogar a favor disso, veja bem), uma vez que, segundo o Ars Technica, você até poderia fazer o download do sistema, mas seria exigido um login de uma conta aprovada pela Huawei.

Apresentando: HarmonyOS (ou “um Android como qualquer outro”)

Apesar do processo de aprovação, o jornalista conseguiu acessar o SDK do HarmonyOS – ou melhor: acessar um emulador online dele, já que a Huawei não permite que o kit de desenvolvimento do seu sistema rode de forma local. Falando em termos mais leigos: você não instala o sistema da Huawei em seu smartphone, mas sim executa um app que funciona como emulador para que você brinque como uma versão do sistema instalada em uma máquina virtual.

Nas palavras do Ars Technica: “pense no HarmonyOS, só que rodando pelo Google Stadia”, mencionando a plataforma de cloud gaming do Google. Segundo Amadeo, a apresentação e interface do sistema renderam adjetivos como “um streaming interativo de vídeo bem lento do SO”. Aqui, já temos a primeira dúvida: se o aparelho for plugado na conexão USB e você habilitar a depuração de dados (“debug”), o emulador desconecta completamente e seu acesso é cortado.

Visualmente falando, a apresentação do HarmonyOS é exatamente igual à da EMUI, que a Huawei usava quando ainda podia contar com o suporte do Google. Segundo a empresa, isso se dá pelo fato da interface primária ter sido “portada” do Android para o HarmonyOS, ou seja, seria realmente parecido, de qualquer forma.

HarmonyOs Android

Embora se posicione como um novo sistema, até agora o HarmonyOs tem copiado atribuições do Android 10 (Imagem: Ars Techcnica/Reprodução

Entretanto, parece que faltou revisão por parte da Huawei, já que imagens das informações de sistema, dentro do menu de configurações, listam “Android 10” ao invés de “HarmonyOS”. Mais além, olhando as pastas sistêmicas por algum gerenciador de arquivos, várias delas trazem menções ao SO do Google: “Android Services Library,” “Android Shared Library,” “com.Android.systemui.overlay,” “Androidhwext” e assim por diante.

Outro detalhe que denuncia uma cópia direta é o fato de que, considerando que esta é uma segunda versão de um beta fechado, o HarmonyOS parece “completo demais”, trazendo navegação por gestos, um sistema de permissões, suporte à tecnologia NFC, modo escuro e até um painel completo de notificações. Sistemas em beta não têm tudo isso – na verdade, bem pouco disso.

A grosso modo, a única contribuição da Huawei para o HarmonyOS é em algo que ela já vinha fazendo há anos: na China, a maior parte dos serviços do Google é ausente, então smartphones comercializados lá não contam com Google Maps, Gmail, YouTube e afins, e cada fabricante é responsável por disponibilizar sua própria loja de aplicativos. A Huawei tem a “Huawei Mobile Services”, que embora tenha apps substitutos para todas as comodidades do Android, existe bem antes do HarmonyOS sequer ser uma ideia.

HarmonyOS Android

No HarmonyOS, a Huawei posicionou sua própria loja de aplicativos, a fim de compensar a falta de suporte do Google (Imagem: Ars Techcnica/Reprodução

Outros detalhes no texto falam sobre inconsistências na documentação para desenvolvedores, além de ressaltar que o HarmonyOS está, deste jeito, na mesma posição que o FireOS, da Amazon: é uma espécie de “versão criativa” baseada no Android, com sua própria identidade.

O problema é que mesmo isso parece um engodo no caso da Huawei. Veja bem: no FireOS da Amazon, se você procurar por “Android” na documentação dos desenvolvedores, você encontra aproximadamente 70 resultados mencionando o sistema operacional do Google. No HarmonyOS, que segue a mesma premissa, não se encontra nada. Isso leva a crer que alguém na Huawei literalmente abriu a documentação do Android 10 e executou o comando “localizar e substituir” de algum editor de texto, encontrando todas as menções a “Android” e trocando-as por “HarmonyOS”.

A Huawei não economizou na pompa quando anunciou o HarmonyOS em 2019. E segundo o Ars Technica, a empresa disse que pode ter smartphones disponíveis para venda com o sistema ainda este ano. Considerando que, no presente momento, o HarmonyOS é uma cópia do Android 10 com algumas trocas básicas, de repente este parece ser um objetivo bastante plausível.

Via Ars Technica