Conteúdo falso e violação à política de informações médicas corretas sobre a Covid-19. Alegando essas transgressões, o YouTube removeu 15 vídeos do canal oficial do presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (22/07). Dos 15 conteúdos derrubados, 14 eram lives realizadas ao vivo por Bolsonaro, e que depois ficavam listadas em seu canal. A ação faz eco à suspensão do ainda presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em janeiro – então pela invasão do Capitólio.
Guilherme Amado, colunista do jornal Metrópoles, revelou que, entre os vídeos retirados do ar pelo YouTube, estão as lives em que o presidente Jair Bolsonaro recebeu o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no dia 6 de agosto, e outra com Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Além destes, foi citado um em que o presidente entrevistou a médica Nise Yamagushi, uma das maiores defensoras do tratamento com cloroquina, comprovadamente ineficaz no tratamento da Covid-19.
ATENÇÃO: Na mais dura ação já feita contra @jairbolsonaro, YouTube remove 14 lives do presidente. Canal está perto de ser derrubado. https://t.co/DnjGV7ke1Z
— Guilherme Amado (@guilherme_amado) July 21, 2021
“Após análise cuidadosa, removemos vídeos do canal Jair Bolsonaro por violar nossas políticas de informações médicas incorretas sobre a Covid-19. Nossas regras não permitem conteúdo que afirma que hidroxicloroquina e/ou ivermectina são eficazes para tratar ou prevenir Covid-19; garante que há uma cura para a doença; ou assegura que as máscaras não funcionam para evitar a propagação do vírus”, justificou o YouTube, em comunicado enviado ao colunista.
Risco de banimento
O YouTube removeu 15 vídeos do presidente Jair Bolsonaro como uma espécie de alerta ao presidente, que utiliza suas redes sociais, incluindo Twitter e Facebook, para disseminar fake news e conteúdo negacionista em relação à pandemia que já matou mais de meio milhão de pessoas no Brasil. De acordo com as orientações da plataforma, o canal oficial do presidente está em vias de sofrer uma punição mais grave, chamada de strike, e corre até o risco de banimento definitivo.
O strike ocorrerá na próxima violação às regras que for detectada pelo YouTube. Isso significa que Bolsonaro terá de ficar uma semana sem postar qualquer conteúdo na plataforma de vídeos. A insistência nas transgressões levará a um eventual banimento. Apesar de já ter tido outras publicações removidas, nenhuma sanção (além da exclusão) foi aplicada antes pelo fato de as novas políticas ainda não serem válidas à época.
Em sua página de diretrizes, o YouTube deixa claro que o “senso de responsabilidade” é o que vai determinar se um conteúdo é ofensivo ou enganoso. “Talvez você não goste de tudo que vê no YouTube. Se achar que um conteúdo é inadequado, use o recurso de sinalização para que a equipe do YouTube o analise. Todos os dias, nossa equipe analisa cuidadosamente conteúdo sinalizado para determinar se há violação das diretrizes da comunidade”, diz o texto.
Segundo o YouTube, as diretrizes foram alteradas para ficar de acordo com a orientação das autoridades de saúde locais e globais. “Aplicamos nossas políticas de forma consistente em toda a plataforma, independentemente de quem seja o produtor de conteúdo ou de visão política”, concluiu a plataforma.
Imagem: Luan Rezende/iStock