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Embora a Apple garanta que sua nova política de transparência de apps impeça a coleta de dados sem a permissão dos usuários, empresas e desenvolvedores têm conseguido rastrear informações privadas no iPhone com soluções alternativas, de acordo com informações do Financial Times.

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Segundo um email ao qual o jornal teve acesso, um produtor anônimo de apps diz ter continuado a rastrear dados de mais de 95% de seus usuários com iPhone. O desenvolvedor diz que se aproveita de informações de dispositivo e rede, como endereços de IP, para determinar a identidade do usuário.

“Qualquer pessoa que opte por sair do rastreamento agora está basicamente tendo a mesma quantidade de dados coletados como antes”, explica Eric Seufert, analista de marketing da Mobile Dev Memo. “A Apple não impediu o comportamento julgado por ela como tão repreensível, então eles são meio que cúmplices do que está ocorrendo.”

As regras da Apple em relação à transparência de rastreamento de apps entraram em vigor a partir do iOS 14.5 e exigem que os aplicativos que dependam de anúncio peçam permissão para rastrear dados dos usuários no iPhone. Contudo, de acordo com alguns grupos de publicidade online, a empresa ainda permite métodos de identificação por “correspondências probabilísticas”, como agrupamentos de usuários por comportamento. Isso é possível porque nesse arranjo o rastreamento acontece por meio de dados agregados temporários em vez de IDs em dispositivos permanentes.

Ao Financial Times, a Apple se negou a comentar tais furos, limitando-se a repetir o mote sobre a política de transparência. “Acreditamos fortemente que a permissão dos usuários seja solicitada antes do rastreamento. Os aplicativos que desconsiderarem a escolha do usuário serão rejeitados”, disse um porta-voz da empresa americana.

Erro, malícia, nenhum?

Fundador do Yale Privacy Lab e professor de segurança cibernética na Escola de Direito da Universidade Yale, Sean O’Brien considera a Apple “extremamente hipócrita” por se vangloriar de medidas de privacidade que não foram aplicadas de forma adequada. O’Brien compara a empresa com o Google, que teve de lidar com uma série de ações judiciais após a descoberta de que o serviço não interrompia o rastreamento de localização quando os usuários o pausavam.

“Assim como foi descoberto que o histórico de localização do Google nunca foi realmente desativado em 2018, descobriremos que a Apple ainda permite que os aplicativos espiem as janelas da vida dos consumidores”, vaticina o pesquisador.

De acordo com a Apple, a capacidade dos apps rastrearem dados no iPhone é bloqueada quando os usuários negam o seu consentimento. Caso a situação não fique esclarecida, a empresa pode estar sujeita no futuro a ações judiciais por marketing enganoso. “Está ficando claro que o iOS 14 foi muito mais uma promoção de marketing do que uma iniciativa de privacidade real, infelizmente”, aponta Alex Austin, diretor executivo da Branch, uma plataforma de marketing para celulares.

Via MacRumors

Imagem: Tero Vesalainen/iStock