Representantes das principais operadoras de telefonia celular do Brasil estiveram reunidos com a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados. O principal objetivo foi tratar sobre a implementação do 5G no País, mais especificamente sobre o uso de verba do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações).
Os representantes do governo, das operadoras e da sociedade civil concordaram que é preciso ampliar o acesso à nova tecnologia, principalmente em regiões Norte e Nordeste, e o uso dos recursos no fundo serviria para dar o impulso necessário à implementação. Autor do requerimento da audiência pública, o deputado Silas Câmara apontou que a falta de uma conexão segura e de qualidade é ainda mais grave neste momento de pandemia.
“Toda essa infraestrutura proposta é muito bonita no papel, mas eu repito que a realidade da ponta é diferente. Portanto essa questão da exclusão digital das populações brasileiras, principalmente na Amazônia é algo que traz um prejuízo que só sabe quem vive na região”, comentou, à Agência Câmara.
Implementação de antenas também preocupa
A qualidade da internet 5G exigirá das operadora a adequação das antenas já existentes e a implementação de muitas outras, e esse também foi um assunto levantado com tom de preocupação no encontro que deu o pontapé inicial na busca pela utilização de recursos do fundo. O primeiro a falar sobre o assunto foi o vice-presidente da Claro, uma das principais operadoras do País.
“Tem antenas que a gente passa até dois anos para receber uma autorização, e às vezes a população se sente prejudicada achando que é morosidade da empresa, mas não é”, revelou, já indicando possíveis dificuldades em um futuro próximo. O secretário-substituto de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, José Afonso Cosmo Júnior, endossou a preocupação levantada pelo executivo da Claro.
“Para você ter ideia, eu tenho um dado que, em São Paulo, leva um ano para que uma estação seja instalada. Se a gente imaginar que o 5G, na sua implementação, vai ter, pelo menos, 8 vezes mais equipamentos a serem instalados na cidade, então a gente fica muito preocupado com legislações municipais que restringem a instalação desses equipamentos”.
De acordo com o secretário-substituto, atualmente no Brasil 82,7% dos domicílios urbanos têm acesso a internet, enquanto na área rural o número cai para 55,6% das casas. Esse é um dos principais motivos de preocupação em relação a tudo o que ronda as operadoras, o 5G, e o investimento necessário para tudo se encaixar, que pode ser utilizado com as verbas do fundo.
Segundo o presidente da Associação Amazonense de Municípios, Jair Souto, tudo precisará ser feito de forma muito competente para melhorar a qualidade do sinal de internet na região. De acordo com dados apresentados por ele, após pesquisa feita com as prefeituras de 61 municípios, o resultado apontou: “Ruim, 46%; regular, 44%; ótimo, 3%; e bom, 7%. Sinal de operadoras na área rural: nenhum 56%; em parte, 42%; toda área, 2%. Bem, nós estamos falando simplesmente do Amazonas, que é maior do que o Nordeste inteiro”.
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