De acordo com informações do MIT Technology Review, a China estava usando um hack de iPhone descoberto num concurso White Hat para tomar o controle de celulares e espionar muçulmanos uigures no país. Esse tipo de concurso visa descobrir vulnerabilidades de segurança, que depois são relatadas para as companhias afetadas para que elas possam consertar o problema, ou seja, estamos falando de hackers éticos.
Mas, segundo o relatório do MIT, o foco mudou em 2017, quando o CEO de uma empresa de tecnologia chinesa disse publicamente que hackers chineses participando desse tipo de concurso no exterior estavam sendo desleais com seu país.
Zhou Hongyi, CEO da Qihoo 360, uma das empresas de tecnologia mais importantes da China, disse numa entrevista para o site de notícias Sina que hackers chineses não deveriam competir em eventos White Hat no exterior. A razão era que depois que os hackers chineses apontavam vulnerabilidades de segurança, elas “não podiam mais ser usadas”. Ele dizia que os hackers chineses deviam usar seu conhecimento no país para proteger o “valor estratégico” dessas vulnerabilidades de software.
Governo chinês proibiu hackers locais de participarem de competições fora do país
Pouco tempo depois disso, o governo chinês realmente proibiu hackers chineses de participar dessas competições no exterior, e criou seu próprio concurso em 2018. O vencedor do primeiro concurso foi Qixun Zhao, da própria Qihoo 360. Qixun descobriu uma cadeia de vulnerabilidades que permitia tomar o controles até dos iPhones mais atualizados, bastava o aparelho acessar qualquer site com o código malicioso criado pelo hacker. Qixun ganhou US$ 200 mil pela façanha.
Apesar da Apple ter consertado o problema dois meses depois, o governo da China usou o hack para espionar iPhones de muçulmanos uigures durante esse meio tempo, o que foi confirmado pela própria empresa de Cupertino.
Como diz o relatório: “Esse é um incidente grave. Um membro da elite da China hackeou um iPhone e ganhou aclamação pública e muito dinheiro por isso. Praticamente da noite para o dia, a inteligência chinesa usou o hack como uma arma contra uma minoria já perseguida, atacando antes que a Apple pudesse resolver o problema. Foi um ato descarado realizado em plena luz do dia, e sabendo que não haveria consequências”.
Via 9to5Mac
Imagem: cyano66/iStock