O repórter do BuzzFeed News, Ryan Mac, teve acesso a uma mensagem interna deixada por um moderador do Facebook terceirizado de Austin, Texas. O funcionário da Accenture acabara de se demitir depois de cerca de dois anos e meio fazendo moderação de conteúdo para o Facebook. Ficou curioso? O jornalista publicou a mensagem na íntegra em seu perfil no Twitter.
Na mensagem, o moderador do Facebook descreve os desafios de saúde mental que ele acredita que todos os analistas de conteúdo encaram. “Esse é um trabalho que é impossível não levar de volta pra casa com você”, ele escreveu. “É comum experimentar fadiga, flutuações de peso e pensamentos intrusivos, e já ouvi histórias de pessoas analisando conteúdo de exploração infantil que começaram a ver todo adulto como um predador de crianças em potencial.”
Moderador critica forma como conteúdo é analisado
O moderador critica como os gerentes lidam com os funcionários que analisam conteúdo, parecendo acreditar que o cérebro é uma máquina. “Se você vê algo que te perturba, você deveria lidar com isso se afastando do computador e fazendo um exercício de respiração; se o problema for muito ruim, você pode falar com um coach de bem-estar.” Ele afirma que o tempo desses coaches é limitado, e que conseguir se consultar com um deles rapidamente é muito difícil durante a pandemia.
O analista de conteúdo também menciona que, por causa do acordo de não-divulgação que eles são obrigados a assinar, esses funcionários ficam impedidos de discutir seus problemas do trabalho como a família.
Na mensagem, o agora ex-moderador do Facebook propõe que os gerentes sejam treinados para não tratar saúde mental como algo com que é possível lidar mecanicamente, e que a terapia dos moderadores seja coberta pelo empregador. Ele também aconselhou que os acordos de não-divulgação sejam relaxados, e que os moderadores possam passar menos tempo por dia lidando apenas com conteúdo perturbador.
Segundo o funcionário, como os moderadores do Facebook são contratados por empresas terceirizadas, é praticamente impossível que esses empregados entrem em contato direto com as pessoas que fazem as políticas de moderação da companhia. Pelo mesmo motivo, moderadores nunca podem se tornar as pessoas responsáveis por criar essas políticas de moderação.
“Bom, é isso”, ele encerra a mensagem. “Espero que vocês encontrem um jeito de parar de começar incêndios de relações públicas constantemente e de traumatizar pessoas em massa.”
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