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O cargueiro Ever Given só foi liberado hoje, (29/03), após uma semana atravessado no Canal de Suez, no Egito, e isso pode afetar o mercado de smartphones. Embora o canal já tenha sido desbloqueado, sair do bloqueio é só o começo do problema, já que existe um grande número de navios na região.

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O navio, que tem o tamanho do Empire State Building, encalhou devido a uma tempestade de areia e ventos de 70 km/h e estava trancando cerca de 300 embarcações repletas de containers desde o dia 23. E para quem uma pandemia não foi suficiente para provar que o mundo é interconectado, os próximos dias certamente provarão. Agentes de importação afirmam que o incidente no Canal de Suez terá consequências em todos os setores do comércio mundial nos próximos dias.

Responsável pelo fluxo de 10 a 15% do mercado internacional, o Canal de Suez é uma via artificial de navegação entre o Mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo. Construído em 1869, o trajeto possibilita o tráfego de navios entre a Europa, Oriente Médio e Ásia Meridional.

Lúcio Lage, diretor financeiro da China Link Trading, estima que a via artificial transporte cerca de US$9,5 bilhões em mercadorias diariamente. “Sem o canal, os navios têm que contornar o Cabo da Boa Esperança no extremo sul da África para ir da Europa para a Índia,” explica, apontando que a mudança de rota demanda até 9 mil quilômetros a mais para se chegar ao destino.

Impasse na rota impacta setor eletrônico direta e indiretamente
projeção de navios encalhados na rota do canal de suez

Projeção virtual dos navios encalhados pelo bloqueio do Ever Given ao Canal de Suez (Fonte: Grupo Heuse)

Embora utilizado para o transporte de alimentos, petróleo e bens de consumo, o impacto do bloqueio no Canal de Suez atingirá todos os setores do comércio mundial, incluindo o mercado de smartphones. O problema no abastecimento afetará tanto a chegada de semicondutores, o que pode muito bem levar a atrasos na indústria, que já não anda muito bem das pernas.

O Gerente de Logística INTL do Grupo Nelson Heuse, Leandro Carmona, estima que o bloqueio impedirá a chegada, somente da Ásia para a Europa, de mais de 30 mil containers. Além disso, ele aponta: “de alguma forma, todos os modais irão sofrer um forte impacto nos preços devido à demanda e falta de combustível.”

Bloqueio afetou duas das principais rotas de smartphones para o Brasil

Lage explica que duas das principais rotas de smartphones para o Brasil são os fluxos da China e dos Estados Unidos. O diretor estima que a rota mais afetada pelo bloqueio do Canal de Suez seja a dos cargueiros chineses, que terão de tomar rotas alternativas – e que é importante para o mercado brasileiro. “Em pleno ano atacado pela pandemia do COVID-19, o Brasil teve um aumento de mais de 30% nas importações de smartphones, quando comparado ao ano de 2019.” 

“Como esses produtos eletrônicos tem valor agregado alto, muitas vezes são transportados por avião”, explica o diretor, que aponta que o custo destes produtos justifica o transporte mais caro. “O frete aéreo também é afetado pelo aumento dos combustíveis, fazendo com que esses produtos cheguem mais caros no Brasil.”

Embora os navios estejam utilizando rotas alternativas para fugir do bloqueio do Canal de Suez, Carmona explica que o atraso aumentará o consumo de combustível e tempo de trânsito de carga – que pode levar até mais de 10 dias do prazo. “Ou seja, os fretes devem ficar mais caros e repassados ao consumidor.” O especialista aponta que a situação pode levar pelo menos um mês para se normalizar.

Imagem: David Dibert (Pexels)