De Frank Zappa a Swans, críticas à indústria fonográfica sempre motivaram não apenas o discurso do músico, mas a composição da sua própria obra. E especialmente em tempos de lucros extraordinários para o streaming, dá para dizer que a urgência do debate é pertinente.

O problema é que às vezes o tiro sai pela culatra. É o caso do músico dinamarquês Drumkoon, que recentemente lançou um álbum chamado OK Google, Play Music. Se a ideia do artista era trollar o Google Assistant e redirecionar o ouvinte ao disco, talvez a tentativa não tenha sido das melhores.

Fiz alguns testes para ver se o joguete funcionava. E todas as vezes que pronunciei “OK Google, play music”, o Assistant direcionou à página homônima. Depois tentei “OK Google, play music Spotify” para refinar a pesquisa e o que acontecia era o app de música no Android abrir. Por último, tentei “OK Google, play music, Drumkoon, Spotify”. E nada.

Como se não bastasse o título para o disco do artista, as faixas também aludem aos comandos do Google Assistant, como “Hey Google Play Quiet Music” e “Hey Google Play Nice Music”. Mas nem aí funcionou – e é possível haver limitações no reconhecimento de voz, uma vez que meu atual smartphone está configurado para português brasileiro. No fim das contas, tudo bem, o título é criativo, mas a máxima de que, muitas vezes, é possível usar o sistema em si para criticá-lo envelheceu mal no século 21.

Musicalmente, OK Google, Play Music é razoável, lembrando o minimalismo de Brian Eno em alguns momentos – o músico usa apenas pá e tambor de aço na maioria das faixas. No Spotify, Drumkoon tem 5.581 ouvintes mensais e outros discos com títulos jocosos como Hey Siri Play Music e Hey Alexa Play Music.