Chefe do WhatsApp critica medidas de proteção a crianças da Apple - Vida Celular

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Will Cathcart, head do WhatsApp no Facebook, fez uma publicação no Twitter em que critica a nova política de dados da Apple que permitirá o escaneamento de mensagens do iPhone em busca de imagens de abuso infantil.

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Na publicação, Cathcart destaca: “Li as informações que a Apple divulgou ontem e estou preocupado. Acho que essa é a abordagem errada e é um revés para a privacidade das pessoas em todo o mundo”.

O executivo do WhatsApp se refere ao anúncio feito pela Apple na quinta-feira (5/8) de que implementará um algoritmo para inspecionar a troca de imagens nos aplicativos de mensagens do iPhone em busca de imagens de abuso infantil. De acordo com a fabricante do iPhone, a inteligência artificial utiliza um banco de imagens do National Center for Missing & Exploited Children (“Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas”), que serão fichadas e comparadas com outras fotos conhecidas desse tipo de crime.

Ainda segundo a Apple, após a identificação de eventuais abusos por parte do algoritmo, revisores humanos serão acionados para verificar se o conteúdo trocado representa mesmo riscos para menores.

Facebook acusa Apple de ferir a privacidade dos usuários

A publicação feita pelo chefe do WhatsApp também lembrou que, apesar da crítica aos métodos da Apple, a prática de abuso infantil é repugnante e que o mensageiro do Facebook também tem trabalhado para agilizar formas de denunciar e banir aqueles que compartilham este tipo de conteúdo sem quebrar a criptografia e a privacidade dos usuários.

Ele também considerou que as medidas adotadas pela Apple podem conceder acesso para que todas as fotos privadas de um usuário sejam escaneadas no iPhone – “até mesmo fotos que você não compartilhou com ninguém”.  Recentemente, o Facebook criou uma divisão de especialistas em criptografia para desenvolver meios de identificar conteúdos que ferem os termos de uso das suas plataformas sem quebrar a criptografia, o projeto segue em sigilo.

A Apple, por sua vez, negou as acusações. Em um comunicado oficial, a fabricante do iPhone negou várias das alegações de Cathcart e explicou que o novo software de detecção de imagens do iOS detectaria apenas materiais de abuso infantil no iCloud – que os usuários podem desativar a qualquer momento. Também declarou que os hashes de imagem, marcadores digitais que algoritmos usam para identificar imagens semelhantes foram fornecidos exclusivamente pelo Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas.

Empresas estão em disputa por dados

Fora o head do WhatsApp, a nova política de privacidade da Apple foi criticada por outros especialistas em segurança digital. Muitos consideram que a iniciativa pode abrir brechas para que outros tipos de arquivo passem a ser monitorados pela empresa.

Além disso, historicamente, a Apple é conhecida por uma forte política de proteção aos dados dos usuários, frequentemente sendo alvo de críticas de outras empresas por limitar o acesso às informações de donos de iPhones por aplicativos de terceiros. Inclusive, as atualizações mais recentes do iOS 14 permitiram deu aos donos de iPhones e iPads a chance de escolherem quais aplicativos poderão monitorá-los e quais informações serão compartilhadas. A medida afetou diretamente ao Facebook que viu muitos usuários deixarem de compartilhar dados como a sua localização ou hábitos de compras em outros aplicativos, afetando diretamente nos padrões de anúncios da plataforma.

Cathcart aproveitou a polêmica envolvendo a política de imagens de abusos de menores da Apple para resgatar uma carta aberta publicada pela Apple em 2016, na qual a empresa destaca que: “seria errado se o governo nos obrigasse a construir uma porta dos fundos para nossos produtos. E, em última análise, tememos que essa demanda prejudique as próprias liberdades que o nosso governo deve proteger”.

De acordo com o head do WhatsApp, a Apple estaria infringindo aquilo que ela mesma prometeu proteger. A fabricante do iPhone não respondeu a acusação.

Apple e Google acusados de criar brechas propositais na segurança de smartphones

A acusação feita pelo chefe do WhatsApp reacende outra polêmica recente envolvendo tanto a Apple quanto o Google em relação a privacidade dos smartphones. Após vir ao público a existência do Pegasus, aplicativo de monitoramento de dados utilizado pelo governo de Israel para espionar políticos, líderes religiosos e jornalistas, o CEO e fundador do Telegram, Pavel Durov publicou uma carta aberta em que afirma que o iOS e o Android possuem brechas propositais na segurança de sistema que possibilitam a invasão e o monitoramento de qualquer celular do mundo por parte da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, a ANS.

De acordo com o executivo, estas brechas na segurança tornam qualquer dispositivo rastreável e contribuem para a criação de Spywares como o Pegasus. Assim, caso estas acusações sejam verídicas, a privacidade dos usuários já estaria em risco. Apple e Google não responderam as acusações.

Via Business Insider

 Imagem: Clarkand Company/iStock Photos