O Grim Quest é um jogo de tabuleiro daqueles clássicos, ao estilo HeroQuest e Dungeons & Dragons, mas na palma das suas mãos, no aparelho celular. Para quem gosta do gênero RPG, esse excelente game nostálgico traz batalhas em turnos envolvendo magos, heróis, cavaleiros, orcs, monstros, dragões e tudo que se tem direito.
Uma volta no tempo
Jogar Grim Quest foi como voltar no tempo, entre o final dos anos 80 e início dos anos 90, quando alguns amigos e eu enfrentávamos o poderoso Zargon pelos corredores do tabuleiro de HeroQuest. A ideia do jogo, gratuito para o Android e encontrado por US$ 4 (por volta de R$ 20) no iOS (iPhone e iPad) vai no mesmo sentido. O mundo gótico e sombrio de Ashborne, repleto de elementos de terror lovecraftiano e psicologia freudiana (conforme o próprio app se coloca e comprovado a cada batalha) apresenta uma forma de imersão muito bem desenvolvida.
É necessário ter um inglês pelo menos básico para poder ficar mais por dentro da realidade do jogo, mas nada de tão exagerado. Os textos descrevem os acontecimentos que deixaram Ashborne refém de magos inescrupulosos, monstros violentos e bandidos perigosos. Sob o pano de fundo, a Escuridão, fruto do mal uso de magias poderosas e por onde os seres malignos vagam e precisam ser combatidos.
Grim Quest é realmente uma ideia bem desenvolvida de RPG clássico, onde é necessário ter uma estratégia bem feita para não se tornar uma presa fácil para os inimigos. Porém, o jogo oferece opções diferentes de dificuldade, incluindo uma clássica em que os inimigos são mais fáceis e os upgrades do herói custam menos que no modo Grim (que seria o padrão). Há também as opções Hardcore e Nigthmare, que são como os próprios nomes já deixam subentendido.
No bar, comes e bebes para recuperar sanidade
De início, o jogador pode registrar seu nome e vários perfis de background do herói, além de um mascote de companhia que fornece recursos ao decorrer das partidas. A tela de início de cada turno é a cidade de Ashbourne, onde há a Câmara dos Conselheiros para ser liberada após várias batalhas. No bar, o herói come para obter passos e bebe para obter sanidade. Neste lugar, é possível fazer apostas, selecionar tarefas especiais e também é onde os itens coletados podem ser armazenados para uso em momentos-chave, venda ou misturados em experiências de alquimia.
Há uma área para adquirir poderes mágicos e outra para técnicas, tudo ao custo de algumas moedas, que são adquiridas conforme são derrotados os inimigos. Outra área é destinada para verificar a condição e os equipamentos do herói. As armas podem ser melhoradas com o ferreiro e a loja oferece, além de itens variados para os combates, armas e acessórios diversos.
Na área de jornal, o jogador tem acesso a inúmeras informações. Grim Quest é bem baseado em texto para a imersão e há uma quantidade bem robusta de informações, tanto das buscas, das buscas épicas e dos lugares de Ashbourne, quanto dos inimigos, no bestiário. Em alguns momentos, entre um turno e outro, haverá batalhas para treinamento de mercenários e grupos, onde o jogador recebe em troca mais moedas quando vence. Além disso, se visualizar alguns anúncios, o jogador ganha algumas moedas (isso é bem importante e, ao meu ver, custa apenas alguns segundos).
Tutoriais podem dar uma boa ajuda
Ao fim de uma busca ou batalha, alguns eventos acabam acontecendo, alterando acessos, gerando sanidade (ou tirando), deixando tudo inflacionado, ou com preços melhores e por aí vai. Os tutoriais encontrados no jornal são muito úteis e, para quem tem dificuldades com o inglês, não custa tentar traduzir um ponto ou outro para ajudar a melhorar as próprias competências. Há explicações sobre navegação, feitiços e coleta de recompensas. Os combates baseados em turnos exigem do jogador muita atenção à sua carga de vida e também à sua sanidade. Com o tempo, o jogador vai ganhando experiência e não somente o herói aumenta seu nível, como a gente vai ficando mais esperto com a forma de jogo.
É importante reforçar que uma das características mais agradáveis de Grim Quest está no clima de RPG Old School. A música, as fontes que podem ser customizadas, a história realmente cativante, enfim. O jogo foi um dos raros em que me senti tentado a gastar algumas moedas reais para ficar mais poderoso. Porém, é fato que não há essa necessidade como se fosse pay-to-win. Os anúncios ficam na parte de baixo da tela e, pessoalmente, não me incomodei com eles. É possível se divertir demais com Grim Quest, ainda mais se o lance for relembrar os melhores jogos de tabuleiro.
E o nosso veredicto final? Consideramos o jogo merecedor de 5 estrelas, bem na linha das avaliações nas lojas Apple e Android.