Se você andou pesquisando por ecossistemas e tarefas automatizadas por aí deve ter esbarrado, em algum momento, no IFTTT. Essa sigla estranha, significa a possibilidade de conectar serviços semanticamente — ou seja, de “maneira inteligente”, e colocar a gente a um passo mais próximo do futuro. Mas será que o IFTTT é isso tudo mesmo? IFTTT é a sigla para “If This, Then That,” ou, “Se Isto, Então Aquilo”.
Separamos um guia para ajudar você a entender como funciona o IFTTT e que potenciais essa ferramenta pode trazer para o seu cotidiano digital. Confira:
IFTTT significa praticidade e automação
O princípio, uma cadeia lógica de consequência utilizada na programação, aqui representa uma série de automatizações de tarefas entre aplicativos ou dispositivos — que normalmente não são capazes de fazê-los sozinhos. O “Isto” e o “Aquilo” são o gatilho e a ação, as partes personalizáveis das tarefas.
Os desenvolvidores do IFTTT chamam os apps e dispositivos integráveis de “serviços” e as automatizações, de applets. A empresa alega ter mais de 650 serviços compatíveis (que podem ser conferidos aqui), e atualiza a lista recorrentemente. O integrador está disponível para Android e iOS.
Aposta num futuro conectado
O que é mais interessante da proposta do IFTTT é que o app cria pontes em um mundo de concorrências. Adorou aquela música do YouTube e quer salvar ela no Spotify? O programa faz. Quer que a Siri crie eventos diretamente na Agenda do Google porque sua equipe de trabalho usa os apps da Alphabet? O programa também faz. Quer programar as luzes da sua smart home para acender sozinhas? O programa faz. E por aí vai.
Os desenvolvedores do IFTTT disponibilizam diversas macros para os mais diversos apps, desde serviços sem autenticação — horário, previsão do tempo e por aí vai — até outros com login necessário, como redes sociais. Ao integrar as tarefas, o usuário consegue ver exatamente quais dados estão sendo compartilhados com a empresa.
Como criar um applet com o IFTTT
O primeiro passo é conectar os serviços ao app do IFTTT, fazendo login neles, se necessário. Uma vez conectado, o programa começará a exibir Applets já programados anteriormente, bem como sugestões no campo “Explore”. Mas se o comando que você quer não está disponível, você pode criá-lo por conta própria.
Para isso, vá até à aba “Create” no menu principal, ou clique na opção ao topo de qualquer uma das páginas. Aparecerão dois campos, o primeiro determinando a condicional e o segundo, a ação.
Para fins de exemplo, suponhamos que você quer acrescentar no calendário toda vez que você publicou uma foto no seu perfil do Instagram. Você clica no “This” (“Isto”) e seleciona o Instagram. Lá dentro, aparecerão as variáveis possíveis no app — selecione “qualquer foto postada por você”. Feito isso, é só clicar no “That” (“Aquilo”), selecionar a Agenda, e então a tarefa de “criar evento rápido”. Para finalizar, nomeie o applet e pronto. Ele já estará disponível para ser ativado e desativado a hora que você achar necessário.
O IFTTT permite a criação de até três applets gratuitos — embora a adesão a outras criadas por outras pessoas ou empresas é ilimitada. Usuários que quiserem personalizar mais macros terão de assinar o IFTTT PRO, que permite a criação de applets infinitos com mais de uma variável, para tarefas realmente específicas.
Serviço monetiza sobre integração de empresas
O IFTTT de longe não é o primeiro a automatizar tarefas entre dois apps não nativos automaticamente. Suítes como o Flow, da Microsoft, ou o Zapier já ofereciam aos usuários a possibilidade de conectar “serviços”. Entretanto, é agora com a popularização das smart homes e da internet das coisas que o utilitário ganhou força.
Além do plano PRO, a empresa monetiza especialmente com a cobrança de serviços para empresas. Isso porque o IFTTT fornece APIs que reduzem o custo de desenvolvimento, com dados que analisam quais os apps mais conectados. Pacotes mais avançados para empresas coletam mais dados e oferecem insights de como os desenvolvedores podem aprimorar seus serviços.
Vale a pena sincronizar tudo?
Enquanto a criação de um ecossistema totalmente automático e integrado parece colocar a gente a um passo do futuro, é preciso tomar cuidado. Um relatório da Federal Trade Comission determinou, em 2017, que cerca de 50% dos 19,000 applets analisados eram potencialmente inseguros, já que possuíam violações de privacidade, integridade ou ambos. Uma pesquisa da USENIX ano passado revelou ainda que 20% dos applets com acessos a ecossistemas integrados precisavam de apenas um dispositivo para monitorar todos os outros presentes sem autorização.
De fato, para funcionar, o IFTTT pede autorização de acesso completa para utilizar um app, e embora a empresa possua políticas de privacidade bem redondas, o risco está no uso desatento. A empresa promete não fornecer dados pessoais (a menos em casos estritamente necessários, como transações financeiras. Como sempre recomendamos, é importante notar quais acessos você está concedendo ao aplicativo, e se a automatização não termina expondo demais a sua vida — e a dos outros.
Imagem: RossHellen/iStock