Apple e Hyundai pisaram no freio em suas conversas sobre o projeto do primeiro carro elétrico da Maçã. Ao que tudo indica, um dos fatores principais para o desaceleramento nas negociações se deu pelo receio da fabricante de automóveis coreana se tornar uma mera fornecedora de hardware para a potência americana. Agora, um relatório da Nissan aponta que essa mesma desconfiança aconteceu nas conversas preliminares entre as empresas para o desenvolvimento do Apple Car.
As negociações nem sequer chegaram ao nível de gerenciamento sênior das empresas quando a Nissan se negou a ser vista como uma mera montadora do Apple Car, já que o veículo estaria sob a marca Apple. Ashwani Gupta, diretor de operações da fabricante japonesa, disse ao Financial Times que os interesses da empresa japonesa são de que as parcerias adaptem seus serviços ao produto dela e não o contrário.
Após notícias de que a Apple teria abordado nos últimos meses a Nissan para o projeto de seu carro autônomo, a fabricante japonesa reforçou que não está em nenhuma negociação sobre o Apple Car. No entanto, deixou claro que “está sempre aberta para explorar colaborações e parcerias para acelerar a transformação da indústria”.
Em reação, as ações da Nissan tiveram queda no mercado, já no início da tarde desta segunda-feira (15/02), de 3,7% em comparação com um aumento de 1,4% do índice Nikkei 225. Da mesma forma, quando a Hyundai e a sua afiliada Kia deixaram de lado as negociações com a Apple sobre o futuro veículo elétrico da empresa americana, as ações das coreanas caíram 6,2% e 15% respectivamente.
Receio de se tornarem uma “Foxconn”
A Nissan foi pioneira na produção de veículos elétricos, lançando o Nissan Leaf há mais de uma década. Essa tradição da empresa japonesa também pode ser um fator relevante para não ser tão bem vista uma espécie de rebaixamento para a condição de mera fornecedora da Apple. No caso do Apple Car, muitas montadoras, incluindo a Nissan, têm mostrado bastante receio de se tornarem “a Foxconn da indústria automobilística”, em referência à fabricante de Taiwan de iPhones para a Apple.
A terceirização da produção de alguns modelos de veículos por meio de acordos de fabricação de equipamento original (OEM) é comum na indústria automotiva. Porém, não há no mercado um grande fabricante contratado da mesma forma que a Foxconn para atender às demandas dos atuais aparelhos da Apple.
Via Ars Technica e Reuters
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