Às vezes, infelizmente perdemos pessoas que amamos de uma forma inesperada. Além de lidar com a dor da morte, temos que cuidar das burocracias da vida: inventário, itens pessoais e, já faz alguns bons anos, a vida virtual daquele que morreu. E essa parte é a que menos está clara para as pessoas.
Muitas pessoas têm o ótimo hábito de deixar documentos e informações importantes salvas em seu email ou nuvem, incluindo aí as senhas de seus perfis nas redes sociais. Caso a pessoa que tenha falecido compartilhasse o login e senha de sua vida digital com familiares ou amigos, acessar seu inventário virtual é uma tarefa bem fácil. Mas, e nos outros casos, nos quais ninguém tem a senha?
Para tentar entender como ficam as contas e informações pessoais, buscamos algumas informações junto às principais plataformas digitais. Confira, a seguir, como agir se alguém que ama morrer e você precisar acessar seu universo virtual para informar aos amigos e prestar sua homenagem.
Apple
Em seu suporte, a Apple afirma que diariamente as pessoas salvam documentos importantes e memórias nos seus iPhones e no iCloud. Os familiares precisam requisitar à Apple acesso aos dados daquele que partiu, e a empresa oferece um texto em português com orientações de como proceder nesse triste caso. Será preciso apresentar a certidão de óbito da pessoa, além de um documento que prove ser parente próximo e que está requisitando acesso aos dados.
Assim que tiver em mãos os documentos pedidos no link acima, o usuário deve contatar o suporte da Apple.
No contrato legal do iCloud, a Apple informa que não há “direito de sobrevivência” para a conta Apple ID e seu conteúdo. Logo, após o recebimento de uma cópia de certidão de óbito, a conta pode ser encerrada e o conteúdo, deletado.
O processo para acessar os dados de quem faleceu pode ser longo e demandar até requisição legal e, se o usuário tem uma senha para bloquear o seu iPhone, a empresa não terá como desbloqueá-lo.
No caso do Family Sharing, o suporte da empresa transfere o Apple ID para o solicitante, que deve acessar o iCloud, configurar um iPhone com o ID do falecido, exportar, compartilhar ou salvar os dados de que precisa.
Esse processo permite o acesso a e-mails e documentos, além de dados criados pela pessoa.
Não há uma diretriz específica para lidar com os dados de alguém que venha a óbito, mas a empresa deleta as contas que permanecem inativas por mais de 120 dias.
Segundo informado pela assessoria de imprensa, isso ocorre para manter a segurança, limitar a retenção de dados e proteger a privacidade dos usuários.
A conta de WhatsApp é considerada inativa se ela não tiver conexão com a internet e o conteúdo armazenado no aparelho antes da conta ser deletada é mantido.
Quando alguém querido morre, o Twitter oferece aos familiares a opção de transformar o perfil do usuário em um memorial.
“Sabemos como é importante preservar uma conta em memória de alguém que faleceu. Por isso, planejamos desenvolver um tipo de perfil especificamente para contas de cunho memorial neste ano”, disse a empresa, por meio de sua assessoria, “com isso, também teremos uma política atualizada de contas de memorial e um novo fluxo de inscrição para solicitar esse tipo de perfil”.
Outra possibilidade é um familiar imediato confirmado de quem morreu solicitar a desativação da conta e a exclusão de sua vida virtual. Solicitações desse tipo podem ser pedidas por meio deste formulário específico.
A empresa, em resposta, enviará um e-mail ao familiar ou responsável solicitando alguns detalhes, como dados do falecido e cópias da certidão de óbito e da identidade do solicitante da exclusão. As informações são confidenciais e pedidas exclusivamente para evitar denúncias falsas ou não autorizadas.
O Twitter informa que não pode fornecer dados de acesso da conta do usuário a ninguém, mas “em respeito aos desejos dos entes queridos, a empresa removerá as imagens de pessoas falecidas em determinadas circunstâncias”. Esse tipo de solicitação deve ser feito por meio do formulário de privacidade da rede social.
A conta da pessoa que morreu pode ser transformada em um memorial virtual por seus familiares, ou ser excluída da rede social.
Para ambas as demandas, é preciso que o familiar comprove a ligação direta com quem faleceu.
A conta de memorial apresenta características específicas, como não aparecer no Explorar e também não é possível mudar o que está publicado, sejam fotos, vídeos ou informações do perfil.
No caso de solicitação de exclusão da conta, é preciso apresentar ao Instagram as certidões de nascimento e óbito da pessoa que faleceu e um documento que comprove o vínculo familiar ou de espólio do solicitante.
Por conta das políticas de privacidade da empresa, nenhum dado de login do usuário é fornecido.
Assim como ocorre no Instagram, o perfil do Facebook pode ser memorializado, ficando disponível na rede social por tempo indeterminado.
O perfil memorializado é um espaço de homenagem virtual àquele que morreu. A conta não pode ser mais acessada, mas dependendo das configurações de privacidade da pessoa que faleceu, amigos e familiares poderão postar e compartilhar lembranças na linha do tempo.
Por meio da assessoria de imprensa, o Facebook informou que a inteligência artificial da empresa previne que o perfil memorializado apareça em lugares que possam causar sofrimento, como lembrete de aniversário ou recomendações para que a pessoa seja convidada para um evento.
Ainda em vida, o usuário pode determinar o que deve ser feito com a sua conta no Facebook, optando por um contato herdeiro ou solicitar que o perfil seja deletado postumamente. Essa escolha pode ser feita em Configurações >> Geral >> Gerenciar conta.
Se a pessoa escolheu um contato herdeiro, é importante saber que apenas essa pessoa poderá gerenciar a conta que se transformou em memorial, tomando decisões como:
- Fixar uma publicação no perfil da pessoa;
- Responder às novas solicitações de amizade;
- Alterar a imagem de perfil e a foto da capa;
- Definir por quanto tempo o perfil ficará no ar (pode permanecer por tempo indeterminado) e/ou solicitar que o perfil seja deletado.
Se o usuário que morreu não tiver selecionado um contato herdeiro, a conta não poderá ser administrada por ninguém após a solicitação de transformação em memorial virtual.
Qualquer familiar comprovado pode solicitar a transformação do perfil em um memorial ou exclusão da vida digital de quem morre no Facebook e, no suporte, há mais informações sobre como proceder.
Ainda em vida, o usuário pode determinar o destino da sua conta em caso de inatividade pelo período de três meses. Um mês antes desse prazo expirar, a empresa tentará contato com o usuário por diversos meios, incluindo e-mail e SMS.
Também é preciso indicar um contato de segurança, que é alguém que poderá confirmar o que aconteceu com o usuário e permite que essa pessoa consiga acesso aos dados da vida virtual de quem morre. Só essa pessoa poderá acessar a conta e tudo o que o falecido listou como passível de acesso: Blogger, Drive, Gmail, Google Fotos etc.
A inatividade é detectada de variadas formas, incluindo login em contas, uso do Android etc.
Quando a conta é excluída, o nome de usuário não pode mais ser usado e todo o universo digital Google usado pela pessoa também é afetado.
O familiar pode solicitar a exclusão da conta por meio do preenchimento de um formulárioSe a pessoa não adotou esse tipo de medida, o familiar (ou representante) pode solicitar a exclusão ou acesso ao inventário virtual de quem morreu através da página de suporte do Google.
Imagem: Pheelings Media / iSotck Photos