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Reconhecido como veículo de extrema-direita, que tem como prática a propagação de desinformação e campanhas ideológicas reacionárias, o canal Terça Livre foi fechado pelo YouTube. O canal já tinha recebido dois strikes (ou advertências) contra o conteúdo por violação de regras, e pelas regras do YT, um terceiro strike significa a remoção automática.

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O canal bolsonarista que promove discursos repletos de afetação extremista e narrativas, no mínimo, duvidosas chegou a ter 1,1 milhão de seguidores. Isso reflete uma marca expressiva do alcance de conteúdos que reforçam uma percepção enviesada da realidade em uma camada da população.

O vitimismo como arma de narrativa

Ainda que, após o encerramento da conta na plataforma, o tom vitimista esteja carregado em mídias sociais como Twitter e Facebook nos perfis simpáticos ao Terça Livre, o fato do YouTube fechar o canal nem de longe se trata de perseguição. Recentemente, publicamos que pesquisadores não encontraram vestígios de censura nas ações das plataformas contra os chamados conservadores. Pelo contrário, foi constatado que o discurso preponderante nas mídias sociais vem justamente dessa ala ideológica da sociedade.

Os pesquisadores também alertaram que a vitimização em situações como a de agora é outra espécie de desinformação, embasada em estratégia política de controle de narrativa. A extrema-direita, que também se coloca sob a alcunha de “conservadores”, não só não diminuiu o tom das fake news como acentuou as práticas mesmo após a saída de Donald Trump da presidência dos EUA.

Regras para todos, sem exceção

Uma primeira advertência foi dada ao canal após ele ter publicado um vídeo com alegações falsas sobre a eleição americana. A plataforma não permite conteúdos contra a integridade da eleição presidencial. A segunda advertência veio após outro conteúdo publicado possuir “incitação para que outras pessoas cometam atos violentos contra indivíduos ou um grupo definido de pessoas”.

Os chamados conservadores dos EUA também fazem muitas críticas sem fundamento ao resultado que tirou Donald Trump da presidência do país. Outro item em comum entre os extremistas americanos e as narrativas promovidas pelo Terça Livre é o nível dos conteúdos publicados, que podem resultar em atos como os do Capitólio, ocorridos em 06/01.

Para em definitivo o YouTube fechar o Terça Livre, o canal cometeu uma terceira violação de regras da plataforma. A criação de um canal reserva para burlar as sanções e publicar conteúdo novo foi o estopim para o procedimento mais severo. Procurado pela Folha, o YouTube enviou nota afirmando que todos os conteúdos “precisam seguir nossas diretrizes de comunidade” e que a plataforma “se reserva o direito de restringir a criação de conteúdo de acordo com os próprios critérios”.

Os conteúdos que estavam sendo publicados pelo drible que o Terça Livre tentou dar no YouTube vinham acompanhados de pedidos de doações via QR code. Com o fim do canal na plataforma, Allan dos Santos e seus colaboradores perderam uma fonte importante de dinheiro para se manterem.

Via Folha

Imagem: Claudiodivizia (iStock)