Embora seja uma ferramenta muito útil, o acesso irrestrito ao celular pode ser prejudicial ao desenvolvimento dos pequenos. Pensando nisso, a maioria das fabricantes desenvolve a opção de uma conta limitada para crianças. Este é o caso do Google Family Link, app que restringe as funções de um dispositivo Android com base nas escolhas feitas por um responsável em outro aparelho.
No entanto, a aplicação é uma das mais criticadas no Google Play com uma avaliação média de 1.4 estrelas pelos usuários. Para entender melhor as limitações e os problemas desse serviço, o Manuel Vonau, do Android Police, decidiu passar uma semana utilizando um celular com a conta para crianças ativada. Confira as impressões do jornalista abaixo:
Esqueça o acesso a aplicativos de mensagens e redes sociais
A primeira limitação encontrada pelo jornalista foi a comunicação. Vonau explica que aplicativos como o Telegram ou redes sociais como o Twitter, TikTok e Facebook ficam inutilizados, isto porque o Google Family Link não permite o login nestas contas por se tratar de aplicativos para pessoas acima dos 13 anos, impossibilitando o acesso de crianças.
O Facebook, no entanto, já possui uma versão do messenger dedicada exclusivamente para os pequenos. Ela pode ser uma opção, mas não permitirá o acesso a outros recursos da rede social.
Deste modo, ainda que um pai deseje se comunicar com os filhos por meio do Messenger, o sistema não permitirá o login no aplicativo. Esta limitação também impede o login em serviços por meio de aplicativos de terceiros.
Assim, se você possuir uma conta da Netflix relacionada ao seu perfil do Facebook, por exemplo, o login não será efetuado, impossibilitando mesmo o acesso do modo Kids no dispositivo.
A limitação é ainda mais radical quando se trata de aplicativos do Google. No caso de serviços como o YouTube Music e o Chrome, por exemplo, há uma série de restrições no conteúdo, limitando apenas ao catálogo direcionado ao público infantil.
Apesar deste cuidado, o jornalista conseguiu facilmente burlar o sistema com a ajuda de um navegador. Ele descobriu que se você acessar o YouTube por meio do Firefox, por exemplo, o conteúdo completo do site ficará liberado no celular. Outras aplicações como o Vivaldi e o Ópera também não importam as restrições de uma conta para crianças.
Esta falha no filtro de conteúdo também ocorre em outras aplicações do Google, como o Google Podcasts que não bloqueia episódios sinalizados com conteúdo explícito.
Compras in App e códigos de outros serviços
Outro problema é a sincronização de contas e recursos comprados in app. O Google limita a sincronização do celular com a conta de terceiros no modo para crianças. Assim, se você possui algum aplicativo pago e deseja utilizá-lo em outro aparelho não será possível realizar a portabilidade do serviço.
Também não é possível efetuar compras em jogos sem a autorização do responsável que poderá liberar o recurso temporariamente por meio de uma autenticação em dois fatores. A medida busca evitar acidentes no celular, tendo em vista que a conta para crianças está vinculada às preferências de pagamento da conta do responsável.
O Family Link também impede o login de múltiplas contas no celular. Ao menos que se trate de uma conta estudantil, o aplicativo impede que as crianças tenham acesso a um e-mail diferente ao cadastrado pelo responsável no aplicativo.
A aplicação também restringe a instalação de aplicativos sem a autorização de um responsável. Esta liberação pode ser feita por meio do app Family Link que também permite ao pai autorizar o uso de aplicativos em Beta ou mesmo a instalação de APKs no dispositivo dos filhos.
Veredito
Apesar de algumas falhas, o texto do Android Police conclui que o Google Family Link cumpre com o prometido. O serviço garante a segurança do celular e impede o acesso de contas e serviços estranhos para crianças, mas ainda merece receber um pouco mais de atenção dos desenvolvedores.
O jornalista também ressalta que a aplicação utilizada pelos responsáveis é confusa e possui alguns erros de interface que apenas dificultam processos que eram para ser simples.
O modo de controle de tela, no qual é possível determinar um limite de uso do aparelho, não permite controlar o tempo por aplicativos, de modo que ao autorizar mais tempo para que a criança faça a lição de casa você também está permitindo o acesso ao YouTube e Netflix, por exemplo.
Esses são alguns dos detalhes que fazem o Family Link ser tão mal avaliado na Play Store. É importante lembrar que fabricantes como a Samsung, Asus e Motorola e outras possuem recursos nativos em sua interface para tornar o aparelho mais seguro e acessível para crianças.
Outros aplicativos como o Parental Screen Time e o App Block podem ser uma alternativa, fornecendo soluções que limitam apenas o tempo de uso ou o bloqueio de aplicativos específicos do dispositivo.
Via Android Police
Foto: Kaku Nguyen/Pexels