Não é de hoje que o Facebook tenta se mexer para responder às acusações de arruinar o jornalismo em favor de fake news. Depois do escândalo da Cambridge Analytica, em 2016, a empresa de Mark Zuckerberg já investiu em iniciativas de notícias como o Facebook News, que foi lançado no ano passado nos Estados Unidos e pode, em breve, chegar a outros países como Alemanha, Índia e Brasil. Agora, o Facebook dá passos mais largos e ambiciosos e está testando um app alimentado por inteligência artificial que irá resumir as notícias ao leitor.
O nome quase sarcástico é TLDR, um acrônimo para “Too Long, Didn’t Read”. (Muito Longo, Não Li). A ideia é que o usuário não vai mais precisar clicar em uma notícia e ler um artigo inteiro para se “informar” sobre um assunto.
Como o novo app de notícias do Facebook irá funcionar?
A nova ferramenta foi apresentada em uma reunião interna do Facebook ontem à noite e a ideia do TLDR é, basicamente, gerar resumos de notícias de forma automática, em formato de tópicos, e que também funcionará por comando de voz. Além disso, a inteligência artificial poderá responder perguntas sobre uma determinada notícia, caso o usuário tenha dúvidas.
O novo empreendimento do Facebook é uma tentativa de agregar mais notícias à plataforma. No entanto, a iniciativa pode ser controversa, se ainda não está óbvio. Pela própria natureza, a ferramenta incentiva as pessoas a não lerem a notícia inteira, nem visitarem o site, o que tira receita dos meios jornalísiticos.
E há o histórico que o Facebook tem com conteúdos jornalísticos e com a desinformação desenfreada na rede social. Além da Cambridge Analytica, a empresa já se envolveu em outras polêmicas, como o a disputa com reguladores da Austrália para decidir se a rede social deveria pagar os veículos licenciados pelos conteúdos compartilhados na plataforma.
O novo app de notícias do Facebook pode acabar contribuindo ainda mais para a desinformação, uma vez que os algoritmos podem pegar frases fora de contexto e contradizer o que foi dito no artigo, induzindo os leitores ao erro. No Brasil, por exemplo, a ferramenta pode fazer a desinformação escalar de forma ainda mais rápida, trazendo mais tensão ao cenário político. Há também a preocupação com a reprodução de racismo, já que muitos bots e inteligências artificiais, infelizmente, acabaram reproduzindo o que parece “tendência” entre as pessoas.
O novo app de notícias ainda não tem data de lançamento. No mesmo evento, os executivos da empresa anunciaram outras novidades que incluem inteligência artificial, como um sensor neural que permite que os usuários controlem seus celulares com o pensamento e uma rede social baseada em Realidade Virtual.
Via Buzzfeed News