Desconto de operadora para celular com plano pós-pago vale a pena? - Vida Celular

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Como comprar um bom celular sem gastar muito? Muitos acabam seduzidos pelos descontos de smartphones oferecidos pelos planos pós-pagos, mas será que vale a pena? Esta é uma pergunta que muitos se fazem, principalmente no Brasil. Em nosso país, se tornou tarefa árdua encontrar um smartphone intermediário com boas configurações por menos de R$ 1,5 mil. Nesta faixa, hoje, estão os celulares intermediários que não são muito superiores aos de entrada, e não são reconhecidos por boas características de câmera, tela ou desempenho.

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Se você tem uma verba maior, até R$ 2.500, temos um guia de intermediários para se ficar de olho em 2021. Quando falamos em tops de linha, o valor aumenta ainda mais, e é comum que lançamentos cheguem custando R$ 4 mil, R$ 5 mil, ou até bem mais que isso. Se você não tem esse orçamento para gastar em um celular, como conseguir um bom custo x benefício? Muitos acham que a solução são os descontos oferecidos pelas operadoras, mediante contratação de planos.

Certamente, em um primeiro momento pode parecer que elas ofertam celulares abaixo do preço de mercado. Mas lendo as condições de compra, o negócio não compensa para quem não está acostumado a ter um plano ao invés de utilizar recargas. Quem nunca passou por uma vitrine de loja e viu um anúncio chamativo para um smartphone? Aqueles que entram, descobrem que o desconto no celular é vinculado a contratação de um plano controle ou pós.

Além disso, é necessário se fidelizar ao pacote por pelo menos um ano. Sendo assim, o usuário fica obrigado, contratualmente, a permanecer com aquele plano por um período de tempo; se cancelá-lo, há uma multa alta, geralmente proporcional ao desconto oferecido ao aparelho, e ao plano rompido. Na internet não é diferente: as operadoras possuem lojas virtuais e destacam preços abaixo dos praticados pelo varejo nessas plataformas. Logo depois, nas letras miúdas, descobre-se que o desconto do celular está, mais uma vez, vinculado a contratação de um plano pós ou controle, com fidelidade.

Critérios

Então, como descobrir se a pessoa está fazendo bom negócio ao comprar um smartphone atrelado a plano? Bem, a boa notícia é que não é difícil botar na ponta do lápis para fazer essa conta. A má é que vamos te mostrar que são raros — quase nulos — os casos nos quais compensa se vincular a uma operadora, se este não era seu plano desde o início, para pagar mais barato no celular.

Comparamos preços da Claro, Tim e Vivo. A Oi ficou de fora pois não possui e-commerce ofertando celulares com desconto em planos pós. Entraram na nossa análise planos de conta e controle, pois são os únicos que dão abatimentos em relação ao preço de mercado. Utilizamos como critério mínimo a seleção de pacotes que dessem, pelo menos, em média 10% de redução em relação ao valor de varejo dos smartphones. Alguns aparelhos são demonstrados com mais de um plano, pois o desconto pode ficar mais agressivo em pacotes mais caros.

Os preços de varejo consideram o pagamento à prazo, parcelado. A maioria das lojas, porém, os oferta com desconto para pagamentos à vista, mas buscando apresentar os resultados mais inclusivos possíveis, esses abatimentos extras foram desconsiderados.

Selecionamos, ainda aparelhos da Apple, LG, Motorola e Samsung para o artigo, contemplando quatro das maiores fabricantes presentes no país. O resultado desse levantamento mostra que, de fato, alguns modelos são comercializados com preços bem abaixo dos praticados pelo varejo — mas os planos vinculados fazem o usuário gastar, em alguns casos, quase 100% a mais do valor do dispositivo para o pagamento do plano no período obrigatório.

Ressalvas iniciais

Também há de ser considerado, claro, que esses planos incluem internet, chamadas, muitas vezes roaming, mensagens, aplicativos, assinaturas e outros. Sendo assim, o intuito do artigo é o de alertar o usuário de que os descontos oferecidos em celulares em planos pós, em um primeiro momento, são praticamente cobrados em outros. Dessa forma, muitas vezes o usuário pode sair de uma média de gastos com telefonia móvel muito baixa para se comprometer com um pacote que vai muito além do que ele precisa.

Por exemplo, os descontos mais chamativos estão concentrados em planos que oferecem 60, 100 ou mais gigas de internet. Quem hoje utiliza um serviço pré-pago ou controle tem disponível faixas muito abaixo disso para franquia. Outros prometem uma série de serviços agregados, como Netflix, HBO, app de música, e outros. Se o usuário não tem interesse neles — ou se não está disposto a assumir um gasto extra — não teria necessidade de levar um plano de celular com esses recursos, podendo reduzir o preço do seu pacote.

Galaxy S20 FE

Galaxy 20 FE no Brasil

O primeiro modelo que apresentamos é o top de linha da Samsung que atualmente é comercializado com Snapdragon 865 no Brasil. É o celular com um SoC de flagship mais barato atualmente no varejo. Em média, R$ 2.500. É possível comprá-lo por R$ 2.250 com o plano Claro Pós 60 GB. Assim, aparentemente, há R$ 250 de desconto. O pacote, porém, tem custo mensal de R$ 180. Em um ano, são R$ 2.160 com o pagamento de serviços. Na ponta do lápis, o usuário pagou R$ 1.910 a mais que o valor de varejo do celular.

No Claro Pós 200 GB o preço do celular soa ainda mais atraente: R$ 1.620, um desconto de R$ 880 em relação ao preço médio de mercado. O plano, porém, tem custo mensal de R$ 400. No final das contas, em um ano, se paga R$ 3.920 a mais para aproveitar a “oferta” que pode oferecer muito mais do que você quer ou realmente precisa em serviço e conectividade.

Nas outras operadoras não é diferente: a Vivo oferece o S20 FE no Vivo Pós Família Anual 60 GB por R$ 2.050, mas o desconto de R$ 450 exige fidelidade de 12 meses, e tem mensalidade de R$ 250. Em um ano, são R$ 3 mil pelo pacote. Na Tim, o S20 FE pode ser adquirido com o Black 25 GB. Sai a R$ 1.800, com plano mensal de R$ 150. Em um ano, R$ 3 mil pelo pós-pago, e assim R$ 1.100 a mais que o preço de varejo se seu intuito não era o de levar para a casa a contratação de um novo serviço.

Galaxy S21

Trazendo outro flagship do momento, o Galaxy S21 tem preço médio no varejo de R$ 4.050. No Claro Pós 40 GB ele é encontrado a R$ 3.880, com pacote mensal de R$ 140. Em um ano, o usuário paga R$ 1.510 a mais do que o comprando em uma varejista apenas pelo plano de serviços. O preço do celular vai ficar mais atrativo conforme os pacotes ficam mais caros, é claro: no Pós 200 GB, ele sai a R$ 2.880. Essa assinatura, porém, custa R$ 400 mensais. Em um ano, R$ 4.800 pelo pós-pago.

Galaxy S20

Um segmento que costuma ter descontos mais “generosos” pelas operadoras é o de aparelhos já substituídos por outros modelos. O Galaxy S20, por exemplo, é encontrado no mercado a R$ 3.500. No Tim Black 25 GB — R$ 150 mensais — sai a R$ 2.000. A matemática segue mostrando que, se o usuário já não está no pacote, paga R$ 1.800 em 12 meses de serviço. R$ 300 a mais que o preço de varejo. Aqui, em todo caso, a diferença foi bem menor que quando falamos em smartphones lançados já em 2021.

iPhone SE 64 GB

iPhone SE 2020

Quando falamos em iPhone, dificilmente falamos em desconto. Os celulares da Maçã até sofrem reduções de preço pelo varejo, mas as quedas de valores são bem mais tímidas e demoradas. Atualmente o iPhone SE de 64 GB é encontrado por R$ 2.600. As operadoras oferecem algum abatimento, mas pequeno diante do compromisso que exigem.

Por exemplo, o Vivo Pós Família 60 GB oferece o modelo a R$ 2.400, ou seja, com R$ 200 e desconto. O preço da mensalidade é de R$ 250. Se o usuário é compelido a contratar o plano visando o valor mais baixo, em um ano paga R$ 3 mil pela assinatura, R$ 2.800 a mais que o valor de varejo do aparelho. Mais de 100% de diferença. No Claro Pós 100 GB o modelo sai a R$ 2.200, mas o pacote tem custo mensal de R$ 260. São R$ 3.120 em serviços em um ano, quando ele poderá se desvincular do plano sem pagamento de multas.

Moto G30
Moto G30 também faz parte do projeto da Motorola de unir celular e perfume no Brasil

Moto G30 também faz parte do projeto da Motorola de unir celular e perfume no Brasil (Divulgação)

Falando agora de um intermediário, o Moto G30 acaba de chegar ao Brasil e no varejo é encontrado a R$ 1.445. No Claro Pós 40 GB ele sai com R$ 125 de desconto, mas em um ano, o plano custa um segundo celular só em mensalidades: R$ 1.680. No Pós 100 GB o preço do modelo cai para R$ 1.100, mas as mensalidades são de R$ 260. Em 12 meses, paga-se R$ 2.775 a mais que o preço de varejo pelo celular mais o pacote.

LG Velvet
LG Velvet, empresa deve focar em celulares de entrada

Foto: Divulgação/LG

Último grande lançamento da LG antes de se despedir do mercado de celulares, o modelo vem sendo oferecido no varejo a R$ 2.700. No Vivo Pós Família 60 GB o preço “despenca” para R$ 1.400. Realmente, parece que é ofertado um belo desconto de R$ 1.300, totalmente consumido pelas mensalidades de R$ 250 do plano. Na ponta do lápis, o que parecia um atrativo abatimento de R$ 1.300, se transforma em um gasto R$ 1,700 superior ao valor de varejo do smartphone.

Quem pode se beneficiar?

Poderíamos listar todas as ofertas disponíveis no mercado e nenhuma delas mostraria que celular vendido por operadora em plano pós tem descontos reais em relação ao varejo. Isto, talvez, nem fosse 100% justo, vez que eles incluem um plano de chamadas, internet e outros serviços — que possuem seus próprios custos operacionais.

Porém, há de se observar como muitos desses pacotes custam bem mais que uma parcela do celular se fosse obtido mesmo no varejo. A impressão inicial de um abatimento no valor do smartphone pode seduzir muitos, mas nunca se sustenta só por isso.

Objetivamente falando, são basicamente dois grupos os que podem usufruir desses pequenos — ou médios — descontos em celulares de operadora em plano pós: quem já estava predisposto a contratar um pacote, ou quem já possui um destes. E isto por uma razão até simples: o impacto da contratação de serviços já foi calculado no orçamento do usuário.

Algumas características inclusivas de planos pós-pagos

Outro benefício de comprar aparelho com a operadora no pós-pago costuma ser o parcelamento estendido. Quem não pode comprar à vista muitas vezes precisa recorrer ao pagamento em prazo, e lojas como Vivo e Claro oferecem pagamentos em até 21x sem a inclusão de juros. Pode ser tentador para muitos.

Há de se observar também que muitos planos permitem a inclusão de dependentes sob um custo adicional. Para muitos pode fazer mais sentido compartilhar uma franquia de 60, 100 ou 200 GB ao invés de deixá-la expirar por falta de uso. Uma família que tem três, quatro membros, talvez possa dividir um plano de R$ 400 mensais a ponto de, mesmo com a taxa de beneficiário adicional, o valor se tornar mais palatável no orçamento.

Ainda utilizando esta configuração como exemplo, em um ano — com fidelidade vencida — o grupo familiar pode aproveitar desconto em outro celular no seu plano pós, mas claro, renovando a fidelidade. Podemos considerar ainda que algumas operadoras oferecem programas de pontos que podem ser trocados por um abatimento adicional no valor.

Resumindo…

Sendo assim, o sistema de descontos em celulares de operadora mediante vinculação a pacotes controle ou pós-pagos é complexo. Sendo assim, só quem lê as letras miúdas consegue prever a enrascada que está para se meter. Em comerciais, propagandas, ninguém avisa dos poréns de imediato. Depois de pisar em uma loja, pode ser difícil não se levar pela emoção e fechar negócio.

Resumidamente, o usuário que tem uma linha pré-paga ou controle — segmento nos quais os preços giram entre R$ 40 e R$ 80 mensais — não saem fazendo bom negócio se não aproveitaram o desconto no aparelho com a intenção, desde o princípio, de contratar um plano.

Se quem acompanhou esse guia está convencido de que não precisa de um plano pós-pago da sua ou de outra operadora, não tem jeito: a melhor forma de fazer bom negócio é acompanhar o preço no varejo. Há descontos para aquisição à vista, ou então cashback — quando não os dois.

Imagem: Poike/iStock