Parece que chegou a hora de assumir as responsabilidades: o Instagram está lançando recursos para ajudar usuários com distúrbios alimentares a se protegerem de conteúdo potencialmente nocivo. Agora, quando usuários encontram imagens, vídeos ou tags associados à anorexia ou bulimia, a rede social bloqueia os resultados e oferece suporte.
No caso específico do Brasil, o suporte que o Instagram oferece contra compulsão alimentar são as mesmas diretrizes de ajuda da plataforma para “momentos difíceis”. Basicamente, orientam o usuário a procurar um amigo, entrar em contato com o CVV ou seguir alguns passos para evitar entrar numa armadilha letal.
Os novos alertas da rede social fazem parte do apoio à Semana de Nacional de Conscientização de Transtornos Alimentares (National Eating Disorders Awareness Week, ou NEDA), nos Estados Unidos. O Instagram também entrará em contato com líderes de engajamento para a criação de Reels que “criem conteúdo body positive”.
Correndo atrás do tempo perdido
Nenhuma das orientações atuais do suporte do Instagram lidam especificamente com distúrbios alimentares. A plataforma almeja mudar isso num futuro próximo, acrescentando redes de suporte específicas sobre o tema. Atualmente, a rede social apenas borra imagens potencialmente nocivas e bloqueia algumas hashtags sobre o tema, mas isso está longe de ser suficiente.
Um dos principais problemas de compulsões alimentares é que pessoas que sofrem com estes transtornos tendem a se reunir em comunidades que reforcem as condutas nocivas. Isso é ainda mais comum em grupos “pró-ana” (ana é um nome “simpático” para anorexia, a compulsão por evitar se alimentar por pânico de engordar), que utilizam as redes para dividirem dicas e defenderem que a compulsão alimentar não é um problema.
No Instagram, o problema é ainda mais grave: os perfis que fazem apologia a distúrbios alimentares, normalmente fechados, criam um círculo de suporte entre si, fomentando com likes e stories uma bolha de pensamento que reforça ainda mais a conduta. Mais ainda, os usuários estão expostos a feeds que, por algoritmo, aprendem a ler seus interesses – o que pode muito bem colocar em contato com blogueiras fitness com dicas completamente vexatórias.
A OMS estima que 4,7% da população brasileira tenha algum tipo de transtorno alimentar – com números que chegam a 10% entre os jovens. No Brasil, é possível encontrar ajuda, por exemplo, na lista de contatos da Associação Brasileira de Transtornos Alimentares (Astral).
Imagem: Gino Crescoli (Pixabay)