O Google não fará mais doações a membros do Congresso dos EUA que votaram contra a certificação de Joe Biden como presidente eleito em 2020. Na avaliação da empresa, a ação dos políticos ecoou indiretamente a invasão do Capitólio americano, no dia 06/01, que deixou cinco pessoas mortas. A suspensão do Google ficará em vigor durante o novo ciclo eleitoral nos EUA, que dura dois anos e culmina no pleito municipal em 2022.
“Após os perturbadores eventos no Capitólio, o NetPAC fez uma revisão e pausou todas as doações [a políticos que foram contra a eleição de Biden]”, disse um representante do Google ao Business Insider, nesta terça-feira (26/01). “Depois dessa revisão, o conselho do NetPAC decidiu que não fará contribuições neste ciclo a nenhum membro do Congresso que votou contra a certificação dos resultados eleitorais [em 2020]”, completou.
O que é o Google NetPAC?
O Google NetPAC (GNP, ou Comitê de Ação Política, em português) é um órgão responsável por arrecadar doações dos funcionários do Google para candidaturas políticas federais, independentemente do partido. O comitê, fundado em 2006, surgiu como uma resposta à proibição, por lei, de financiamento privado a campanhas eleitorais.
Por meio do NetPAC, a Alphabet, administradora do Google, foi uma das empresas que mais financiaram campanhas políticas no ciclo de 2019-20. Ao todo, seus funcionários contribuíram com um total de US$ 21 milhões (cerca de R$ 110 milhões em conversão direta) para candidatos presidenciais e congressistas. Quase 84% das contribuições foram para os democratas, enquanto 6% foram destinados aos republicanos.
As maiores doações foram para o presidente eleito Joe Biden, que recebeu dos funcionários do Google em torno de US$ 4,3 milhões (R$ 23 mi); já pré-concorrentes do Partido Democrata como Bernie Sanders e Elizabeth Warren receberam, respectivamente, cerca de US$ 1 milhão (R$ 5,3 mi) e US$ 700 mil (R$ 3,8 mi).
Republicanos em frangalhos
Um dos afetados pela decisão do Google foi o senador republicano Ted Cruz. O político do Texas (na foto em destaque), que recebeu em torno de US$ 5 mil em doações durante sua candidatura à presidência em 2016, foi um dos responsáveis por liderar a contestação à certificação do Colégio Eleitoral no início de janeiro.
A situação de Cruz teria ficado tão adversa que seus próprios assessores estariam “enojados” com sua estratégia, que incluiu a venda de desinformação eleitoral e uma campanha de arrecadação de fundos para impedir a certificação de Biden.
Outros nomes conhecidos que tiveram seu financiamento político cortado foram os senadores Josh Hawley, do Missouri, e Roger Marshall, do Kansas. A Hallmark, famosa empresa do varejo americano, chegou a pedir reembolso da dupla pela ação contra o presidente eleito.
Via Business Insider
Imagem: Vasilis Asvestas (Shutterstock)