

O ignóbil app desenvolvido pelo governo federal que recomendava remédios comprovadamente ineficazes para Covid parece ter sido retirado da internet. Menos de dois dias após lançada, a ferramenta utilizada pelo Ministério da Saúde para recomendar “tratamento”, não pode mais ser instalada. Uma tentativa de simulação pelo link direcionou para uma página de inatividade.
O lançamento do app foi uma coisa tão grave que pode ser motivo pra impeachment. Segundo o professor e pesquisador Ronaldo Lemos, a ferramenta deixa provas incontestáveis da ocorrência de crimes de responsabilidade. Conforme o descoberto pelo especialista em temas como tecnologia, mídia e propriedade intelectual, o código de programação do app possui a palavra cloroquina aparecendo 86 vezes e ivermectina 113.
Nas palavras dele, a respeito do Tratecov que saiu do ar: o código de programação é a materialização de uma tomada de decisão objetiva. O código segue uma linguagem lógica, não tem espaço para ambiguidades. A decisão de colocar cloroquina e ivermectina é uma decisão de política pública consciente e muito clara.
Só a violação à LGPD já seria gravíssima. Isso, conjugado com prescrição consciente de cloroquina no aplicativo, que é referendado pela própria Casa Civil, são evidências claras de crime de responsabilidade. @RodrigoMaia tem todas os elementos materiais para impeachment.
— Ronaldo Lemos (林纳德) (@lemos_ronaldo) January 21, 2021
Outro apontamento extremamente grave a respeito do Tratecov, segundo Ronaldo Lemos, aborda a hospedagem da ferramenta. Por ser feita nos EUA, onde não há uma política de proteção de dados adequada, viola frontalmente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A suspeita, pelo que se observa sobre essa ferramenta, é que seu propósito é desovar os milhões de comprimidos de cloroquina feitos pelo Laboratório do Exército.
O Conselho Federal de Medicina permanece, até o momento de fechamento desta matéria, sem manifestações a respeito do ocorrido. Juridicamente, tirar do ar o Tratecov não deve ser o suficiente para tirar a responsabilidade do Ministério da Saúde e do governo federal.
Segundo o Metrópoles, o Ministério da Saúde disse que a plataforma foi ativada indevidamente: “informamos que a plataforma TrateCOV foi lançada como um projeto-piloto e não estava funcionando oficialmente, apenas como um simulador. No entanto, o sistema foi invadido e ativado indevidamente – o que provocou a retirada do ar, que será momentânea”. Será que o release foi enviado indevidamente, também?
Imagem: Finn Hafernann (iStock)