Aprovado pelo órgão antitruste da União Europeia, o negócio envolvendo a compra da Fitbit pelo Google por US$ 2,1 bilhões (R$ 11,1 bilhões, na conversão direta), mesmo com restrições, foi celebrado pelas duas partes. Mas ainda não está garantido. Isso porque o Google não esperou a aprovação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) ou das autoridades regulatórias da Austrália (ACCC) antes de selar definitivamente o acordo.
“Cumprimos a extensa revisão do DOJ nos últimos 14 meses, e o período de espera acordado expirou sem sua objeção. Continuamos em contato com eles e temos o compromisso de responder a quaisquer perguntas adicionais. Estamos confiantes de que este acordo aumentará a concorrência no mercado altamente lotado de wearables e assumimos compromissos que planejamos implementar globalmente”, justificou o Google, por meio de um porta-voz, aparentemente despreocupado com o fato de o negócio com a Fitbit não estar legalmente garantido.
O próprio Rick Osterloh, vice-presidente sênior de dispositivos e serviços do Google, usou a página da empresa para celebrar a compra. “Por mais de uma década, o Fitbit tem ajudado pessoas em todo o mundo a viver vidas mais saudáveis e ativas. Um claro pioneiro na indústria, Fitbit construiu uma comunidade vibrante de mais de 29 milhões de usuários ativos, criando incríveis dispositivos vestíveis e experiências de bem-estar imersivas. Hoje, tenho o prazer de anunciar que o Google concluiu a aquisição do Fitbit e quero dar as boas-vindas pessoalmente a essa talentosa equipe”.
O que dizem o DOJ e a ACCC
Enquanto o Google e a Fitbit comemoram a fusão, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e a Comissão Australiana de Concorrência e Consumidores mantêm o posicionamento de que o negócio entre as empresas não está garantido. “A investigação da Divisão Antitruste sobre a aquisição da Fitbit pelo Google continua em andamento. Embora a Divisão não tenha chegado a uma decisão final sobre se deve prosseguir com uma ação de execução, a Divisão continua a investigar se a aquisição da Fitbit pelo Google pode prejudicar a concorrência e os consumidores nos Estados Unidos. A Divisão continua empenhada em conduzir esta revisão da forma mais completa, eficiente e rápida possível”, explicou o DOJ, em entrevista para a jornalista Cecilia Kang, especialista em tecnologia do The New York Times.
…harm competition and consumers in the United States. The Division remains committed to conducting this review as thoroughly, efficiently, and expeditiously as possible.”
— CeciliaKang (@ceciliakang) January 14, 2021
Rod Sims, presidente do órgão regulatório australiano, enviou comunicado para o site Android Police com o posicionamento oficial sobre a fusão do Google com a Fitbit. E mostrou sintonia com os americanos. “A decisão do Google de concluir a aquisição da Fitbit antes de concluirmos nossa análise da fusão significa que agora estamos conduzindo uma investigação de aplicação. Como resultado, e dependendo dos resultados de nossa investigação, iremos considerar se devemos tomar medidas legais sobre este assunto”, simplificou.
O negócio de US$ 2,1 bilhões
Pelo acordo assinado entre as empresas para selar o negócio – ainda não concluído oficialmente – o Google se comprometeu a não armazenar os dados dos usuários da Fitbit para publicidade digital (Google Ads). Há também a promessa de deixar a critério dos usuários da plataforma se os dados serão guardados pela conta do Google ou do próprio wearable. “Os compromissos garantirão que o mercado de dispositivos portáteis e o espaço de saúde digital permanecerão abertos e competitivos”, afirmou Margrethe Vestager, comissária europeia do órgão que analisou a concorrência”.
A aprovação do negócio entre o Google e a Fitbit pode fazer com que o aplicativo seja incorporado ou, no mínimo, utilizado como complemento ao Google Fit, app que também é destinado ao monitoramento das atividades físicas dos usuários. O Google assegurou também, ao firmar o contrato de compra, que manterá com livre acesso os dados de saúde dos usuários para outros aplicativos que utilizem o Fitbit Web API, sem a necessidade de qualquer assinatura. A junção da Fitbit com o Google pode recolocar a empresa especialista em wearables fitness e de saúde na briga pelo topo do mercado. Antes soberana no segmento, a Fitbit perdeu espaço com a chegada de concorrentes da Apple, Xiaomi e Samsung, entre outros.
Via 9to5Google e Android Police
Imagem: Shironosov/iStock