Uma reportagem revelou que distritos escolares dos EUA estão adquirindo ferramentas forenses para dispositivos móveis, que na teoria, poderiam ser usadas para hackear celulares de estudantes e funcionários dessas escolas. Essas ferramentas (conhecidas como MDFT em inglês) conseguem extrair mensagens de texto, fotos e dados de aplicativos de celulares. O FBI usa MDFTs para investigar terroristas, por exemplo.
O site Gizmodo acessou documentos públicos de escolas procurando o nome da empresa Cellebrite, uma das principais fornecedoras de MDFTs dos EUA. A reportagem encontrou oito distritos escolares, sete deles localizados no Texas, que pagaram mais de US$ 11 mil dólares (cerca de R$ 56 mil) para a Cellebrite e outras empresas de ferramentas forenses. Além disso, em muitos casos, o produto adquirido foi descrito de forma genérica, algo como “suprimentos gerais”. O post também alertou que muitos distritos escolares podem estar comprando ferramentas para hackear celulares, sem mencionar isso em seus orçamentos públicos.
Cooper Quentin, tecnólogo sênior da Electronic Frontier Foundation, disse ao Gizmodo: “Equipamentos Cellebrite e Stingray começaram a ser fornecidos inicialmente para o exército e autoridades federais dos EUA, depois chegaram até autoridades estaduais e locais. Eventualmente essas ferramentas caíram nas mãos de criminosos e pequenos tiranos como administradores de escola. Essa é a trajetória inevitável de qualquer tecnologia de vigilância ou arma”.
Questões de privacidade e vigilância envolvendo celulares são destaques nas notícias desde pelo menos 2016, quando a Apple famosamente se recusou a hackear o iPhone do atirador de San Bernardino. Mesmo sem ajuda da companhia, o FBI conseguiu hackear o celular do terrorista, o que desencadeou uma batalha legal sobre criptografia que se arrasta até hoje.
Foto: MChe Lee (Unsplash).
Via Make Use Of.